Teatro do Noroeste abre novos caminhos para dar a volta à pandemia

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“Salta para o saco”, “Perdição” e “A Estalajadeira” são as três peças que o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana vai transmitir através da internet na próxima sexta-feira, para assinalar o Dia Mundial do Teatro. Em dias de isolamento social forçado, esta companhia de teatro teve a ideia pioneira no país de começar a divulgar as suas peças de teatro pelas redes sociais, mostrando que o optimismo e força de vontade dos artistas vence a incerteza causada pela pandemia.

“Teatro do Noroeste Em Sua Casa” é o nome deste projeto que, após o cancelamento das 32 representações previstas que abrangiam cerca de 7.500 alunos de vários concelhos do país, apenas no mês de março, realizou a primeira transmissão em direto da peça “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, encenada por Tiago Fernandes, no passado dia 12 de março. A partir de então, a companhia teatral decidiu fazer a transmissão diária de vídeos das suas criações, tendo sido “O Gato Das Botas”, com encenação de Fernando Gomes, o primeiro espetáculo a ser transmitido e a ser visto por milhares de espectadores, de forma gratuita. Assim, até 9 de abril, o “Teatro do Noroeste Em Sua Casa” tem previstas as transmissões de mais 18 espetáculos. A programação completa está divulgada nas redes sociais, e conta com espetáculos para público infantil e público adulto. Cada vídeo fica disponível durante 24 horas, no Facebook e no Youtube da companhia de teatro profissional de Viana do Castelo.

Ricardo Simões, diretor artístico do Teatro do Noroeste, admite ter ficado surpreendido com a adesão do público que começou logo pelo anúncio do projeto que teve mais de 125 mil visualizações. “Na primeira semana, temos tido uma média de 5000 pessoas a ver os espetáculos, o que para nós já é uma escala gigante”, admitiu, frisando que os espectadores são de diversos pontos do mundo. “Soubemos de educadoras de infância de locais que pouco ouvimos falar, por exemplo na ilha do Faial, Açores, que recomendaram os nossos espetáculos”, exemplificou.

À semelhança de outras instituições, o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana está em regime de teletrabalho e este projeto, acrescentou Ricardo Simões, também tem servido como factor de coesão interna. “É muito compensador ver o entusiasmo que toda a equipa demonstra todas as manhãs. Acaba por ser um escape para nos mantermos saudáveis e motivados”, contou.

O Dia Mundial do Teatro, assinalado na próxima sexta-feira, vai contar com a transmissão de três peças de teatro emblemáticas da companhia vianense: “Salta para o saco”, peça de 2006 dirigida ao público infantil, com encenação de Elisabete Pinto; “Perdição”, de 2017 com encenação de Fernando Gomes; e “A Estalajadeira”, de 2018, encenada por Ricardo Simões. Além disso, às 00h00 de sexta-feira será divulgado um vídeo com a mensagem do Dia Mundial do Teatro do Instituto Internacional do Teatro, da Unesco, contando com a colaboração de todos os atores do elenco residente e de honra do CDV. De referir que a tradução oficial desta mensagem para português foi feita, pelo segundo ano consecutivo, pelo Teatro do Noroeste.

Ricardo Simões admite que desta contingência atual podem surgir ensinamentos a ser aplicados no futuro da companhia. “Ouvi a ministra da Cultura dizer que já está a ser pensada uma forma de tornar estes conteúdos, que estamos a oferecer nesta iniciativa online de que fomos pioneiros e que vemos alastrada a mais companhias de teatro, remunerados e façam parte da atividade normal das companhias”, referiu.

Sobre o futuro mais próximo, a companhia tem pela frente a retificação de toda a sua programação. “O Teatro do Noroeste é uma companhia apoiada por entidades públicas – Câmara de Viana do Castelo e Direção Geral das Artes – e isso faz de nós privilegiados. A meu ver, a atuação do Ministério da Cultura tem sido positiva e não demorou a apontar soluções. Já fomos contactados pelo nosso gestor do contrato programa com a DG Artes e tivemos a garantia de que o contrato continua em vigor, mas teremos que fazer já planos retificativos, procurando adiar os espetáculos em vez de cancelar”, informou.