Tabaco, Jovens e COVID-19

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O Dia Mundial do Tabaco celebra-se anualmente no dia 31 de maio.

Desde da sua primeira descrição no século XVI, houve uma evolução muito grande na área do tabagismo e, hoje, representa um dos mais importantes problemas de saúde pública a nível mundial.

O tabaco é constituído por mais de quatro mil substâncias, sendo que algumas apresentam efeitos tóxicos, irritantes e também cancerígenos.

Existem diversas formas de fumar, desde dos cigarros convencionais, cigarrilhas e charutos, até ao cigarro eletrónico e o tabaco aquecido, que são as formas mais recentes de tabagismo e cada vez mais populares, nomeadamente nos mais jovens.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, o tabagismo é responsável por um grande número de doenças, com particular destaque para o cancro em diferentes localizações, para as doenças crónicas do aparelho respiratório, cardiovascular e do sistema reprodutor.

A iniciação do consumo de tabaco é um grave problema de saúde infantil e juvenil. Estima-se que 10 % dos adolescentes entre os 11 e 18 anos experimentaram o cigarro eletrónico, pelo menos uma vez. Dos jovens que iniciam o consumo, considera-se que mais de um terço irá continuar a fumar ao longo da vida adulta, comprometendo assim a sua saúde.

No que concerne a mortalidade atribuível ao tabaco, estima-se que 13000 pessoas morreram do tabaco em 2017 (seja qual for a forma de fumar!).

Assim, torna-se fundamental impedir que as gerações mais jovens iniciem o consumo de tabaco para prevenir o aumento da carga atribuível ao tabagismo, nomeadamente, em termos de doença, incapacidade, mortalidade prematura, mas também em gastos em tratamentos e serviços de saúde e suas consequências a nível da sociedade.

O cigarro eletrónico e o tabaco aquecido têm sido usados de forma errada e sem evidência científica, como métodos alternativos para deixar de fumar. Pelo contrário, estima-se a que os adolescentes que iniciam este tipo de consumo, têm uma probabilidade SETE vezes maior de fumar cigarros convencionais, ao longo da vida.

Em maio de 2019, a SPP, em conjunto com outras 10 sociedades científicas internacionais, publicou uma declaração sobre a não recomendação do consumo de tabaco através de dispositivos eletrónicos libertadores de nicotina, para a cessação tabágica.

Para os fumadores que apresentam maior dificuldade em deixar de fumar, a cessação tabágica pode ser auxiliada através de aconselhamento psicológico, tratamento farmacológico e deve ser baseada em ar limpo de forma a promover uma saúde respiratória!

Realça-se que o abandono definitivo do tabaco antes dos 40 anos reduz em mais de 90% os riscos para a saúde que lhe estão associados.

Um comentário final é necessário perante as notícias recentes e a fase de desconfinamento em que a população portuguesa se encontra, sendo que o mesmo pretende reforçar a recente mensagem divulgada pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Apesar do impacto do tabagismo e a sua “relação” na transmissão e na morbimortalidade da doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 ainda não se encontrar bem esclarecidos; sabe-se que o contacto mão-boca e mão-face realizado pelos fumadores constitui uma fonte de infeção reconhecida. Neste mesmo sentido, o uso de cigarros eletrónicos representa um risco para transmissão do SARS-CoV-2 (COVID-19), pois ao vapear o fumador exala gotículas de vapor, que podem transportar o vírus.

Assim, se estiver a fumar em locais públicos, respeite sempre as distanciais de segurança e não fume quando estiver na presença de não fumadores. É fundamental seguir as recomendações disponibilizadas pela Direção-Geral de Saúde.

Por fim, lembre-se que o facto de deixar de fumar tem benefícios em qualquer idade e em qualquer altura para Si e para os Seus!

Portanto, se quiser deixar de fumar, fale com os seus amigos e a sua família e procure ajuda de um Profissional de Saúde.

 

Coralie Alves, Médica de Família na UCSP Dr. Vale Lima (Barcelos).