Brandeiros de Melgaço representam “a arte da sobrevivência activa conjugada com a solidariedade”

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Melgaço comemorou as “bodas de prata” do Dia do Brandeiro, efeméride que pretende homenagear todos aqueles que seguiram a rota da transumância, partindo da parte baixa da freguesia da Gave para as terras altas da Aveleira, apascentando o gado ovino, bovino, caprino e cavalar.

A sessão comemorativa dos 25 anos do Dia do Brandeiro decorreu no salão localizado no adro da Senhor da Guia e contou com a presença dos gaiteiros da freguesia da Gave que deram um ar festivo à efeméride. Os sons espalharam-se pelo território da Branda da Aveleira, contribuindo para a animação dos lugares de memória humanizados, reforçando a comunidade agro-pastoril. Este ano, a comemoração do Dia do Brandeiro contou com uma videoconferência do ecologista, filósofo, teólogo e professor brasileiro Leonardo Boff que teve como tema “Olhares ecológicos sobre a terra”. 

O presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, sublinhou o valor da transumância através do tempo longo, referindo-se aos brandeiros que pela sua presença e trabalho manifestaram “a arte da sobrevivência activa, conjugada com a arte da solidariedade ativa”.

A intervenção de José Rodrigues Lima que acompanhou os 25 anos da comemoração fez uma síntese da memória do acontecimento que consta do tecido histórico-cultural de Melgaço, destacando a importância das comunidades de montanha registadas na geografia humana. “Quem é do monte volta para o monte, como o melro puxa à silvareira”, disse. Referiu, ainda, a Declaração Patrimonial da Branda da Aveleira, 1996, assinada na data por mais de 600 participantes. Seguiu-se a análise referente à importância histórico-cultural das brandas e inverneiras, havendo oportunidade do historiador-arqueólogo Joel Cleto tecer considerações a respeito da origem do Parque Nacional Peneda-Geres e às marcas da transumância, sublinhado a sua importância cultural.

A comemoração dos 25 anos mereceu ainda uma exposição fotográfica do especialista Luís Miguel Portela, que está patente num salão do edifício junto da capela da Senhora da Guia e na Junta de Freguesia da Gave.