Quase metade dos incêndios registados no Alto Minho até julho teve “origem negligente”

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Arcos de Valdevez é o concelho do distrito de Viana do Castelo com mais fogos (157) e mais área ardida, 991 hectares, cerca de um quarto dos 3.950 hectares de floresta consumida até 31 de julho, foi hoje divulgado.

O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo, Miguel Alves adiantou que, no distrito de Viana do Castelo, arderam, até 31 de julho, 3.950 hectares em 633 incêndios florestais.

Apontando dados do Sistema de Gestão de Incêndios Florestais, o autarca socialista referiu que, em todo o ano de 2021, registaram-se 596 fogos florestais e cerca de 2.177 hectares de área ardida.

Ao contrário de Arcos de Valdevez, “o concelho do Alto Minho com menor número de ocorrências é o de Caminha (16) e o concelho com menor área ardida é Vila Nova de Cerveira que não chega a somar um hectare”.

“O mês com maior área ardida foi, curiosamente, o mês de janeiro com 1.235 hectares, seguido a larga distância pelo último mês de julho, com cerca de metade de área ardida (661 hectares). O mês com menor área ardida foi o de junho, com 5,6 hectares”, observou.

Miguel Alves, que é também presidente da Câmara de Caminha, frisou que “46,4% dos incêndios ocorridos no primeiro semestre deste ano tiveram origem negligente e 19,4% origem intencional”, sendo que “as causas naturais identificadas são meramente residuais: apenas sete incêndios”.

“Dada a complexidade que resulta do cruzamento dos fatores climatéricos com o aumento de combustível na floresta, a crónica limitação dos meios e ainda um muito elevado comportamento negligente e criminoso – mais de dois terços dos incêndios tiveram origem em mão humana – temos que assumir, de uma vez por todas, que, se queremos diminuir o número de incêndios e os seus impactos, temos de mudar de atitude coletiva e individualmente”, alertou.

“O paradigma mudou. Esqueçam a ideia que junta o verão aos incêndios. Os incêndios não têm estação, acontecem todo o ano e, no primeiro semestre, aconteceram sobretudo no inverno. Não é impressão, é a realidade dos números e temos que agir de acordo com essa realidade”, insistiu.

O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil avisou que “o ano ainda vai a meio, ainda há muito trabalho de prevenção para fazer, muita vigilância, muito civismo por praticar”.

De acordo com os dados que avançou à Lusa, “julho foi o mês que registou o maior número de fogos florestais 172, seguindo-se janeiro com 136 e fevereiro com 101”.

“O primeiro semestre deste ano foi o mais difícil dos últimos anos. O impacto das ondas de calor das últimas semanas, associada à baixa precipitação e humidade, fizeram do mês de julho um período de grandes incêndios que obrigou a uma enorme disponibilidade do dispositivo. O sucesso dos últimos anos que tem diminuído a área ardida, carrega para este ano um maior volume de combustível que se vai amontoando nas florestas e aumenta o risco”, destacou.

Apesar da “crónica limitação dos meios”, Miguel Alves realçou que “a Proteção Civil tem estado à altura das circunstâncias”.

“Os bombeiros são a espinha dorsal do dispositivo de combate a incêndios, o trabalho dos sapadores florestais têm sido extraordinário, as Forças Armadas, forças de segurança, juntas de freguesia e câmaras municipais têm estado no terreno, mas a atitude que faz a diferença é a atitude inicial, o comportamento em floresta, a atitude que diminui o risco. Temos que nos manter todos em alerta”, frisou.