Pais da Abelheira querem obras “urgentes” na escola, mas a Câmara “ainda está à espera do programa de intervenções”

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Os pais dos alunos da escola sede do agrupamento da Abelheira, em Viana do Castelo, exigem “obras de requalificação profunda” no edifício construído em 1990 e “obras urgentes para garantir segurança” aos mais de 600 alunos. “Temos um problema estrutural que tem de ser resolvido que não vai lá com pequenas obras. Temos pequenas obras que têm de ser resolvidas e temos intervenções de segurança que têm de ser feitas com a maior urgência possível, disse hoje o secretário da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas da Abelheira (APEEAEA), Jorge Braga. 

Jorge Braga, que é também representante dos pais no Conselho Geral do agrupamento de escolas da Abelheira, que reuniu na segunda-feira e aprovou por maioria uma moção a exigir uma “intervenção de fundo” no edifício com 32 anos de “uso constante e acima das suas capacidades”, apontou “exemplos” da “falta de condições de segurança” com que se debate a comunidade escolar.

“As saídas de emergência não estão sinalizadas e outras estão trancadas, os laboratórios de físico-química não têm os materiais de segurança necessários. Um lava-olhos é de existência obrigatória num ambiente onde se fazem experiências com químicos, mas que a escola não tem. Não é nossa preocupação fundamental saber de quem é a culpa, mas, neste momento, a verdade é que o desinvestimento na educação é sistemático e não contextual”.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo disse “não compreender esta tomada de posição, porque no dia 22 de novembro de 2021, às 10:00, houve uma reunião com a direção do agrupamento de escolas e ficou acordado o envio de um programa de intervenções por parte da direção, o que não aconteceu até hoje”. “Sempre houve diálogo com a direção da escola desde o início do mandato e a autarquia está a aguardar este plano para, posteriormente, tomar uma decisão sobre o que será feito na escola”, sustentou o socialista Luís Nobre.

Jorge Braga, autor da moção aprovada pelo Conselho Geral, que recolheu os votos contra dos representantes da Câmara de Viana do Castelo, aponta, além da falta de “condições necessárias e adequadas à prática pedagógica”, o edifício, que em 32 anos não foi alvo de obras de beneficiação à exceção da remoção das placas de amianto que o cobriam, “tem problemas graves de segurança das instalações que colocam em perigo quem a frequenta”.

“Existem problemas efetivos de segurança que têm a ver com toda a parte elétrica. Estamos a falar de uma instalação elétrica que foi sistematicamente sobrecarregada para suportar cada vez mais coisas (…) Os quadros elétricos não estão aterrados e são muito antigos. Pelo menos essa intervenção urgente tem de ser feita para garantir segurança”, reclamou.

Jorge Braga garantiu que “há vários anos” que a associação de pais vem alertando para a situação em que se encontra a escola que “está subdimensionada para a ocupação atual”. “Se tenho necessidade de ter 29/30 turmas quando a escola está dimensionada para 22 ou 24 é óbvio que existe um problema. Há vários anos em que a escola é quase que obrigada a ter um conjunto de turmas superior às que o edifício permite. A cantina, de acordo com informações do diretor, serve 800 refeições por dia. Estamos a falar de uma escola onde passam alunos do 1.º ao 9.º ano de escolaridade”, referiu. Referiu ainda que a sala especializada destinada a alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) “está instalada num acrescento que foi feito ao edifício”. “É uma zona extremamente húmida, com problemas de infiltrações. Honestamente, os professores e os funcionários fazem um trabalho em condições completamente indignas para eles e para os alunos. Não compreendo como é que não é uma prioridade este tipo de intervenções”, frisou.

Segundo Jorge Braga, as condições da escola “não são apenas más para os alunos, mas também para os professores”. “Quando não têm computadores suficientes, quando a rede informática parca e mal funciona, quanto a rede elétrica, fruto destas tensões constantes, não aguenta com a quantidade de dispositivos que tem ligados, quando o quadro elétrico é o mesmo de há 30 anos, quando a escola se vê obrigada a transformar salas de arrumos em salas de aula, para cumprir os requisitos do número de pessoas que acederem à escola (…) há claramente um problema. O edifício não é suficiente para as necessidades. É um acumular de problemas”, destacou.

O responsável disse ainda que a associação de pais está a elaborar um estudo mais técnico para elencar as necessidades com vista uma “reformulação do edifício adequada”. “Esta escola não tem anfiteatro como muitas outras que foram intervencionadas pela Parque Escolar. Não pode haver escolas de primeira e de segunda”, adiantou. Segundo Jorge Fraga, “alguns pais querem ações de luta bastante mais fortes”, depois de “vários anos de alertas” que não surtiram efeito.