Leonor e a mãe são as últimas castrejas a cumprir as mudas do gado

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Leonor Rodrigues e a mãe, Isalina, são as últimas mulheres de Castro Laboreiro, Melgaço, a cumprir a “muda” do gado da branda para a inverneira, ou, o contrário, como manda a estação do ano. Leonor não sabe por quanto tempo mais vai cumprir a transumância, a mudança da casa na branda, a uma maior altitude, para a habitação, em pedra, na inverneira, no vale, mais abrigada. “Tudo depende da saúde da minha mãe. Enquanto a minha mãe estiver em condições, faço a muda”, garantiu Leonor.

O ciclo, que se cumpre duas vezes por ano, repete-se há milhares de anos em Castro Laboreiro, elevada a uns mil metros acima do nível do mar. Antes do Natal, mãe e filha, pegaram na roupa necessária para aguentar o rigor do inverno e nos animais e abalaram da casa da branda, no lugar de Padresouro para a da inverneira, em Cainheiras, para fugir ao frio agreste daquelas paragens. “Neva na mesma, como lá em cima, mas não são neves tão grandes”, referiu a pastora.

Da casa na branda, que Leonor vislumbra da inverneira, vieram as galinhas, patos, coelhos e a toura. Uma mudança bem mais fácil que noutros tempos. “Hoje não dá muito trabalho porque é de carro e trator. Antigamente era em carros de bois, monte abaixo, e mudava-se tudo. Agora as casas estão equipadas e praticamente trazemos a roupa e os animais”, explicou.