“Mesmo com a obra no cais de A Guarda concluída, assoreamento do rio impede saída de ferryboat de Caminha”

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A Câmara de Caminha está preocupada que o assoreamento do rio Minho dificulte ou impeça a ligação por ‘ferryboat’ à Galiza, mesmo aquando da conclusão da obra no cais galego do município de A Guarda.

“Defendemos uma ligação regular e permanente por via fluvial e, até hoje de manhã, não tinha recebido qualquer indicação de quando estará concluída a obra no cais do lado de Espanha. Desde a [pandemia] covid-19 que o ‘ferryboat’ não voltou a circular e, nestes anos de paragem, o rio ficou completamente assoreado, o que impede a circulação de um barco da dimensão do Santa Rita de Cássia”, alertou Rui Lages.

À Lusa, tanto o presidente da Câmara de Caminha como o município de A Guarda disseram desconhecer a data prevista para a conclusão da obra para repor a segurança no cais galego do ‘ferry’ Santa Rita de Cássia, uma empreitada a cargo da Portos da Galiza.

De acordo com Rui Lages, a questão é que, mesmo com a obra concluída, o rio está demasiado assoreado para permitir a navegação.

O autarca lamentou que Caminha seja “dos poucos municípios sem ligação regular e permanente com a outra margem do rio Minho [que se situa na Galiza, em Espanha]”, com implicações também ao nível do turismo.

Rui Lages notou ainda que o assoreamento naquela zona do rio Minho não é um problema exclusivo desta autarquia, dizendo também respeito ao município galego de A Guarda e aos Estados português e espanhol, uma vez que se trata de um rio internacional.

Da parte da autarquia, já foi feito um contacto com a Direção Geral de Recursos Naturais e Serviços Marítimos (DGRM), tendo em vista “um levantamento das necessidades de dragagem”.

“Aguardo resposta. O contacto foi feito em abril ou maio, mas não tive resposta”, observou.

Trata-se, explicou, “de um primeiro passo para saber qual a quantidade de areia que será preciso retirar do rio”, faltando depois perceber “que entidade pode fazer a dragagem, quais as autorizações necessárias e o financiamento disponível”.

O autarca tem defendido a substituição da atual embarcação, “com cerca de 30 anos”, por um novo veículo elétrico.

“A época de verão era sempre de maior afluência na ligação por ‘ferryboat’. Entendemos que este transporte deve ser uma prioridade”, frisou.

Quanto à obra no cais galego, que travou a retoma da circulação do barco após a pandemia de covid-19, Rui Lages diz que tem ouvido falar em várias datas, nenhuma oficial.

“Oficialmente, até hoje de manhã não me foi comunicada nenhuma data”, disse.

Contactado pela Lusa, o município de A Guarda indicou, através do gabinete de imprensa, saber que os trabalhos de reparação do cais estão a ser realizados, sem conseguir adiantar mais informação.

O município diz não ter indicações quanto à conclusão da empreitada, porque “as obras de reparação do cais dos ‘ferryboat’ de A Guarda são da responsabilidade da entidade dos Portos da Galiza”.

A Lusa tentou, sem sucesso, obter informações dos Portos da Galiza.

O ‘ferryboat’ Santa Rita de Cássia, que liga a vila de Caminha, a A Guarda, começou a cruzar o rio Minho em 1995, mas ao longo dos anos a travessia esteve várias vezes interrompida, em algumas situações por largos períodos, ou devido a avarias na embarcação ou pelo assoreamento do canal de navegação.

Desde maio de 2022, a ligação através do ‘ferryboat’ está interrompida devido a “problemas graves” no cais galego que impede a atracação do ‘ferry’ na margem galega com o mínimo de segurança”.