“Tem um outro sabor tocar em Lanheses com o meu quarteto” (com vídeo)

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Pedro Silva, jovem músico vianense, é o único português do quarteto de saxofone Dokwerk, que integra músicos da Alemanha, Itália e Taiwan. O quarteto esteve em Lanheses, Viana do Castelo, a actuar durante a festa da freguesia, onde Pedro tem ligações familiares. Esta foi a estreia em Portugal do quarteto de alunos do Conservatório de Amesterdão. 

Entre os temas que interpretou, o quarteto apresentou uma versão da icónica música “Havemos de ir a Viana”.

 

Além de Pedro Silva, de 22 anos, o quarteto é composto pela saxofonista alemã Lisa Schreiber, de 23 anos, por Ileana Termini, italiana de 22 anos, e Jen-Hong Wu, também com 22 anos, natural de Taiwan. O grupo surgiu em 2019, impulsionado por um professor dos jovens alunos. “Os primeiros tempos não foram fáceis, mas depois encontramos a nossa linguagem e a nossa maneira de estar uns com os outros. Tivemos que crescer muito e adaptar-nos”, contou Pedro, que, após o seu percurso na Escola Profissional Artística do Alto Minho (ARTEAM), escolheu o Conservatório de Amesterdão para licenciar-se. “Estou a estudar há quatro anos na Holanda e está a ser completamente inovador a nível pessoal e profissional (…) ter que me expressar noutra língua e expressar-me musicalmente em formas diferentes está a trazer-me novas perspectivas. Sempre que chego a Portugal nas férias, tenho novas maneiras de olhar para as coisas que eu já conhecia”, assumiu.

O quarteto lançou uma campanha de crowdfunding para conseguir editar o seu primeiro CD “Intersections”. Lisa Schreiber, a saxofonista alemã do grupo, destacou a rapidez na gravação do CD, que aconteceu em Palmela. “Foi muito rápido alcançar nosso objetivo. A campanha demorou 35 dias, mas depois de 12 dias já tínhamos conseguido o valor necessário para gravar”, contou. “Com ajuda de toda a gente conseguimos gravar o nosso primeiro CD que tem cinco peças, todas escritas por compositores, que ainda estão vivos. Essa é uma questão muito importante para nós, até porque tocamos saxofone, que é um instrumento relativamente recente”, explicou Pedro, indicando que uma das músicas foi escrita por um amigo compositor iraniano do conservatório holandês. “Podíamos tocar músicas que já existem há muito tempo e que também nos divertimos a tocar, mas acho que no palco nós gostamos sempre de mostrar outras cores, mais novas e música nova às pessoas”, justificou Pedro, que também está envolvido num duo com piano. Para o futuro, tem a certeza que quer continuar ligado à música de câmara. “Gosto de tocar a solo, mas a música de câmara tem outra parte muito mais importante na minha vida”, assumiu o saxofonista, cujo pai é natural de Lanheses. 

Depois de terem actuado em Itália e Holanda, os jovens saxofonistas estrearam-se em Portugal, na festa de Lanheses. A oportunidade surgiu após um convite de última hora que o quarteto aceitou, apesar da surpresa (e susto) que os colegas de Pedro sentiram ao perceber que festas no Alto Minho são sinónimo de foguetes. Para Pedro, estrear-se ao lado dos seus colegas na terra do seu pai foi uma experiência especial. “Tem um outro sabor estar aqui a tocar com o meu quarteto”, confirmou o músico, que não precisa de muito para convencer os seus colegas a visitar Portugal. “A comida é algo que funciona como um íman para eles. Eles pensam em Portugal, associam logo à comida e vêm logo. Não preciso de fazer muito para os convencer. E o facto de podermos tocar aqui também lhes agrada muito até porque o clima na Holanda é completamente diferente do que podemos experienciar aqui”, partilhou Pedro. 

Formado pela ARTEAM, Pedro reconhece que as bases que a escola lhe deu “foram muito boas”. “Eu acho que a escola prepara muito bem músicos no geral para todas as frentes, lugares e sítios. É uma pedagogia que só mais tarde é que uma pessoa percebe a sua importância”, afirmou o músico, que levou os seus colegas de quarteto a visitar a sua antiga escola. “Ele parecia uma rockstar na escola, toda a gente o conhecia”, contou a saxofonista italiana Ileana Termini. 

Os restantes elementos do quarteto encaram este projecto como o seu futuro. “Começou como um projecto educativo, mas depois tornou-se algo que nós queremos muito fazer. Quando tocamos, conseguimos encontrar-nos e estamos a crescer juntos”, acrescentou a italiana, confidenciando que espera regressar a Viana do Castelo para as Festas d’Agonia.

Leia a reportagem na edição desta semana do “Alto Minho”