Ponte de Lima a “juntar e prosperar” há 899 anos

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Inspirado no mandamento da rainha D. Teresa, “juntai-vos e prosperai”, Vasco Ferraz, presidente da Câmara de Ponte de Lima, afirma que a mensagem proferida há 899 anos na outorga do foral à vila “continua a ser um imperativo para o futuro” e apelou ao trabalho e todos na coesão territorial. Na sessão solene das comemorações do Dia de Ponte de Lima, que se realizou pela primeira vez na Igreja Matriz de Ponte de Lima, o autarca destacou as relações com a vizinha Galiza, nomeadamente através do Caminho Português de Santiago, e congratulou-se, ainda, com a alteração do feriado municipal para o dia 4 de março, considerando que mais limianos poderão associar-se às celebrações.

“Na altura, eram os primeiros habitantes desta vila que a escutavam, hoje somos nós que a escutamos, somos nós os interpelados. Todos nós. Num dia como o de hoje, dia fortemente identitário, devemos sobretudo vincar a importância da história e das tradições para a coesão territorial”, sustentou. Destacando os laços construídos ao longo dos tempos com a vizinha Galiza, não só em Ponte de Lima, mas também em todo o Alto Minho e Norte de Portugal, Vasco Ferraz destacou a presença na sessão solene das comemorações do 899 anos da outorga do foral à vila de Ponte de Lima  do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha, e do subdiretor geral da Acción Exterior e da Cooperación Transfronteiriza, em representação da Xunta de Galicia, Xosé Lago Garcia.

“Um dos fenómenos que mais ajudaram a cimentar esta relação tão especial entre a nossa região e a Galiza foi certamente o Caminho Português de Santiago. Após a descoberta do túmulo do Apóstolo em Compostela, nunca mais cessou esta movimentação de romeiros que através de solo português, passando quase sempre por Ponte de Lima, caminhavam e continuam a caminhar em direção ao centro cultural e espiritual da Galiza”, realçou, recordando que a rainha D. Teresa foi das primeiras a empreender a peregrinação a Santiago de Compostela, na companhia de D. Henrique, logo em finais do século XI, ainda antes de “fazer Vila o Lugar de Ponte”.

“Desde então, nunca mais, ao longo dos séculos, os peregrinos deixaram de passar por Ponte de Lima, como nos atestam tantos documentos e tantos relatos de viagens. A peregrinação a Compostela foi conhecendo altos e baixos, é certo, mas nunca se extinguiu. E hoje atravessa um período de notável florescimento”, salientou, vincando a cooperação entre os dois lados da fronteira. “Seguramente que esta linha contínua com centenas de quilómetros, cobrindo as nossas paisagens e o nosso património tão semelhante, foi um dos fatores que ao longo do tempo mais ajudou a aproximar e a unir estes territórios dos dois lados do rio Minho, fazendo de portugueses e galegos dois povos irmãos. Estas relações de amizade têm perseverado até à atualidade, como não podia deixar de ser, e têm mesmo vindo a ser robustecidas nos últimos tempos. O vasto programa das celebrações do Dia de Ponte de Lima para este ano são um claro reflexo desta realidade”, notou.

Considerando ser de “capital importância” que o dia 4 de Março seja celebrado por todos, Vasco Ferraz exaltou o facto de, no próximo ano, o feriado municipal se assinalar neste dia. “É atendendo à importância histórica, mas também simbólica e identitária, que o dia 4 de Março passará, a partir do próximo ano, a figurar como Feriado Municipal. Estamos em crer que esta decisão conta com o apoio esmagador da população limiana, também por ser um justo reconhecimento do papel daquela que lançou os fundamentos de Ponte de Lima. Não fazia sentido que o Dia de Ponte de Lima, como nós lhe chamamos, não correspondesse simultaneamente ao Feriado Municipal. Desta forma estamos a conferir uma solenidade ainda maior ao dia em que na realidade nasceu Ponte de Lima, permitindo ao mesmo tempo que um conjunto mais alargado de limianos possa participar nas comemorações anuais do 4 de março”, salientou, admitindo que, até agora, muitos não possam participar nas comemorações pelo facto do dia 4 de Março coincidir num dia de trabalho. “Se é para ser festejado, então que possa ser festejado por todos. Só assim também estamos a garantir a perpetuação deste dia como um momento de união entre a grande família limiana, formada pelos representantes da Autarquia e do poder local, mas também pelos representantes de todas instituições dos mais diversos setores que aqui fazem a vida e prestam serviços à nossa comunidade, sem esquecer os habitantes da nossa terra que a título particular e individual se querem juntar a nós na celebração do 4 de Março”, sustentou.

 

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