“O PS pode ser o protagonista da mudança em Arcos de Valdevez”

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João Braga Simões vai voltar a candidatar-se à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez pelo Partido Socialista. Confessando que é “desafiante” candidatar-se num concelho que é liderado pelo PSD há 50 anos, o médico garante que o concelho está num momento de “viragem” e que o PS pode ser o “protagonista dessa mudança”. O emparcelamento agrícola florestal, a deslocalização da feira quinzenal para um local mais central na vila, a necessidade de captar novos investimentos económicos e o apoio aos idosos nas freguesias são algumas das ideias do Partido Socialista, que também defende a criação de critérios para a atribuição de apoios às freguesias, destacando as “assimetrias entre a sede do concelho e o resto do território”. 
“Temos mais pessoas capazes de tomar as rédeas do concelho e a nossa luta tem sido a afirmação do Partido Socialista como uma proposta alternativa, construtiva e com uma ideia de futuro. Queremos apresentar aos arcuenses propostas diferentes das que temos visto nas últimas décadas”, afirmou João Braga Simões, sublinhando que o PS não é um partido de “destruição”, mas sim de “construção”.  “O partido que esteve no poder durante 50 anos tem trabalho feito e  faz sentido manter algum dele. Por isso, há um legado que também nos interessa preservar”, assumiu, admitindo que é “desafiante” candidatar-se num território tradicionalmente social-democrata nas eleições autárquicas.
“Somos governados pelo PSD há 50 anos, mas também há verdade incontornável: a cada dia que passa, estamos perto de mudar. Eu trabalho para que mude. As pessoas à minha volta estão na política pelas razões certas e são movidas pelo interesse comunitário e pelo desenvolvimento do território”, afirmou o médico de 37 anos, que acredita que está a originar-se, no concelho, “um movimento interessante de mudança”. “Há quatro anos não sentia isso, mas há um claro efeito de mudança de ciclo. Ao fim de 12 anos de presidência há uma necessidade de renovação dos protagonistas. O Partido Socialista de Arcos de Valdevez pode ser o protagonista dessa mudança e as pessoas têm-nos abordado. Estamos a conseguir criar uma onda positiva que nos pode dar um bom resultado”, antecipa, assumindo que um dos objetivos para as próximas eleições é aumentar o número de candidatos às Juntas de Freguesia. “Nas últimas eleições tivemos 16 listas. Temos 36 freguesias no concelho e nós queremos chegar ao máximo de território possível”, referiu o candidato, que defende que há uma “assimetria” entre a sede do concelho e as freguesias.
“Basta olhar para o centro urbano de Arcos de Valdevez, até porque nestes  últimos dois anos tem havido investimentos de cerca de quatro, cinco milhões de euros, numa faixa de terreno entre a central de camionagem até à Ponte Nova. Isso não tem paralelo em mais nenhuma zona do concelho”, declarou, criticando o processo de subsidiação às freguesias, considerando que é “arbitrário” e “cego”. “É atribuído o mesmo valor a todas as freguesias, independentemente da população, acessibilidades, quilómetros de estrada, limpeza das vias… As freguesias não são todas iguais e  tratá-las todas por igual cria desigualdade. Uma Junta pode não ter um projeto, mas sabe que vai ter um cheque e isso é uma forma pouco transparente de se fazer política. Por isso, a nossa ideia é estabelecer um plano e um conjunto de critérios ponderados para atribuir um apoio a cada freguesia”, explicou o candidato socialista.
Tendo em conta o envelhecimento da população no concelho, João Braga Simões lamenta que nos últimos anos tenha havido a deslocalização de serviços das freguesias e concentração de grandes superfícies comerciais perto do centro da vila, alertando que há locais onde já não existe a venda ambulante de pão e de peixe e realçou a carência de transportes públicos. “As Juntas de Freguesia podem ter um trabalho muito importante ao garantir o acompanhamento e o apoio constante das pessoas que vivem mais isoladas. Porventura, até se poderiam assumir quase como uma extensão do Estado no apoio social a estas pessoas, nomeadamente com companhia, transporte ao médico, ajuda nas compras, proteção das suas propriedades… Isto é um trabalho que tem que ser feito em proximidade e só pode ser desenvolvido por estruturas como as Juntas de Freguesia”, sustentou João Braga Simões.
Para o candidato, “a grande mancha do legado do PSD em Arcos de Valdevez é o saneamento”.  “Ao fim de 50 anos de democracia ainda nem chegamos nos 50% de cobertura de saneamento básico no território. Isso não tem cabimento, principalmente se olharmos para aquilo que foi feito nos concelhos à nossa volta e que têm exatamente os mesmos problemas geográficos e de distribuição populacional”, apontou, considerando “que não se investiu no saneamento básico por decisão política”. “Não há outra razão para não se ter investido no saneamento, até porque o orçamento tem crescido de ano para ano. No último orçamento passou-se de 36 para 45 milhões de euros. Gasta-se o dinheiro em outras coisas”, atirou, notando que a adesão à Águas do Alto Minho (ADAM) não tem ajudado na ampliação da rede. “Estamos a correr atrás do prejuízo e a tentar colmatar uma falha de décadas numa altura em que os financiamentos para este tipo de projetos são escassos”, alertou.
Outra preocupação do PS prende-se com “a falta de habitação a um preço que o arcuense médio consiga pagar”. “Seria interessante criar uma cooperativa de habitação com sócios que tenham capital e que seja possível  reunir um conjunto de membros arcuenses da diáspora com interesse em investir. Isto daria à terra um investimento fértil para que ela resolva os seus problemas de base e que colmate o problema da habitação”, sugeriu, considerando que as medidas no ramo da habitação do atual executivo  são “inférteis”.  “Queremos que os bairros sociais passem a ser só bairro. Isso é possível se as pessoas tiverem a oportunidade de adquirir o imóvel. Em vez de pagarem uma renda, pagam uma prestação daquela casa que pode ser sua. Isso cria um sentimento de pertença às pessoas e também não se guetifica um grupo específico da população porque estarão a viver lá vários estratos sociais. Além disso, também libertaria a Câmara de alguns encargos”, sublinhou.
O comércio local é outras das preocupações abordadas pelos socialistas, que até defendem a mudança de local da feira quinzenal, considerando que “perdeu preponderância e clientes quando foi deslocalizada para uma área periférica”. “E isso não se vai inverter enquanto ela não voltar para o centro da vila.  Por isso, uma das nossas propostas é trazer a feira para um terreno junto à Ponte do Toural, onde estava previsto crescer uma grande superfície comercial. De facto, aquele espaço seria interessante para a feira por causa da sua proximidade à central de camionagem e a todas as ruas que têm comércio na vila”, apontou, indicando que a freguesia de S. Paio também poderia ser um bom local para a feira quinzenal. “Seria uma forma de revitalizar aquele lado que ainda é centro urbano, mas que está um bocadinho subaproveitado”, acredita João Braga Simões, que também deixou alertas em relação ao tecido empresarial do concelho, acreditando que “há dificuldade em atrair novos projetos”. 
“Neste momento, a indústria automóvel passa por grandes transformações e vemos isso com o encerramento de fábricas em Arcos de Valdevez e no distrito. Portanto, é importante conseguir atrair outro tipo de indústrias. Veja-se o exemplo de Paredes de Coura, que foi capaz de atrair algo que é completamente transformador para um território, nomeadamente a indústria da biotecnologia e farmacêutica. Isso traz um nível de inovação e tecnologia de ponta e salários acima da média”, apontou.
Já em relação à agricultura, João Braga Simões propõe o emparcelamento agrícola para incrementar a produtividade no território. “No fundo, é juntar as pequenas parcelas de terreno. Poderíamos juntar-nos numa agremiação ou numa associação de proprietários e alugar as nossas terras para que se consiga ter um lucro e rentabilidade da produção, como aconteceu em Melgaço e Monção com o Alvarinho. Neste momento, é impossível ter uma grande produção porque a área está dividida por um grande conjunto de proprietários e muita dela está abandonada”, frisou, defendendo também um emparcelamento florestal. “Como é impraticável tirar rendimento em pequenas parcelas, muitas são deixadas ao abandono, o que pode originar incêndios. O emparcelamento permitiria ter a dimensão adequada para produzir algumas culturas e ordenar o território”, vincou. 
Os acidentes que têm ocorrido no IC28 também têm preocupado o atual vereador da oposição na Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, que já apelidou esta via de “estrada da morte”. “É uma estrada onde todos os anos morre alguém. Esta via tem algumas questões relacionadas com a segurança, mas também há o comportamento humano, como ultrapassagens em zonas onde não se pode, o não cumprimento dos limites de velocidade… A nossa proposta é a colocação de videovigilância com controlo por radar. Isso tem um efeito dissuasor e positivo no comportamento dos condutores”, acredita.