
O maior circo contemporâneo volta ao Minho
O Festival Internacional Vaudeville Rendez-vous, promovido pelo Teatro da Didascália, está de volta, entre 16 e 19 de julho de 2025. O mais relevante festival de circo contemporâneo do país regressa ao espaço público das quatro cidades do Quadrilátero Cultural — Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão –, “ocupando” espaços inusitados e apresentando propostas para toda a família.
A 11ª edição do Vaudeville Rendez-vous assenta na ideia de ciclo, assumindo um novo impulso criativo e de reinvenção, numa fase em que o festival inicia uma nova década. A programação deste ano, totalmente gratuita, conta com 11 espetáculos, seis estreias nacionais, 28 apresentações nas diferentes cidades e ainda ações de mediação com o público que incluem masterclasses e workshops, liderados por figuras de referência do circo contemporâneo, e ainda uma sessão de pitching, aproveitando a presença de programadores internacionais.
Um novo ciclo é também sinónimo de uma nova identidade visual. Criada por Luísa Martelo, a nova imagem do Vaudeville Rendez-vous remete para a origem do Vaudeville, com os posters finisseculares e do início do século XX a servirem de inspiração visual.
A abertura do Vaudeville Rendez-vous é em Guimarães, às 22h00, no Recinto da Feira Semanal, com “La Bande à Tyrex”. O espetáculo usa a bicicleta como instrumento coletivo, um pelotão em que os intérpretes alternam entre acrobacias e música ao vivo — trombone, baixo e voz. “La Bande à Tyrex” pode ainda ser visto no dia 18 de julho, às 22h00, na Praça dos Poetas, em Barcelos.
A essa energia de movimento soma-se também a estreia de “Ripple”, da companhia belga e neerlandesa TeaTime Company, no dia 17 de julho, às 19h00, no Ringue de Futebol do Parque da Juventude de Vila Nova de Famalicão. Os três artistas orbitam uma espiral metálica em rotação contínua, num jogo de resistência, em que cada ação e gesto tem consequências. No dia 19 de julho, às 11h00, é apresentado na Praça de Pontevedra, em Barcelos.
Já o espetáculo “El Dorado”, da companhia francesa NDE Nicanor de Elia — que será apresentado no dia 17 de julho, em Braga, e no dia 18, em V.N. de Famalicão —, aplica o conceito de movimento no corpo enquanto objeto, numa criação que cruza circo e dança.
Três espetáculos em estreia no Vaudeville Rendez-vous encaram a tradição e a memória como territórios vivos. Em “Nkama”— que se estreia dia 17 de julho, às 19h00, na Praça de Pedra do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães —, Dimas Tivane parte da sua herança moçambicana (da língua Changana à presença constante da música e da dança no quotidiano) para criar este espetáculo.
Já em “Melic”, a companhia catalã IF Circus evoca a memória histórica das mulheres do pós-guerra que tricotavam nas ruas, tecendo não só roupas, mas também relações. A corda usada neste espetáculo vai ser tricotada num workshop, em Barcelos, de inscrição gratuita, dirigido a mulheres com mais de 60 anos, que vão também partilhar as suas histórias em pequenas entrevistas. A estreia será no dia 18 de julho, às 22h00, na Praça Municipal, em Braga.
O coletivo francês Le G.Bistaki usa em “Tancarville” um lençol branco, símbolo de sonhos, memória e intimidade, ligando o mais íntimo dos rituais à memória coletiva. O espetáculo estreia-se no dia 17 de julho, às 22h00, na Praceta Francisco Sá Carneiro, em Barcelos.
Duas estreias no Vaudeville encaram a morte como um movimento cíclico. Em “Masacrade” da companhia francesa Marcel et Ses Drôles de Femmes, o humor negro é o mote para ensaiar a morte e dar sentido à vida. O espetáculo é apresentado no dia 17 de julho, às 22h00, no Recinto da Feira Semanal, em Guimarães, e no dia 19 de julho, às 22h00, no Largo do Pópulo, em Braga.
Já em “Homenaje”, da artista catalã Sílvia Capell, uma mulher e um lobo são os protagonistas de uma tragicomédia que enfrenta a morte para celebrar a vida. O espetáculo, que coloca o mastro chinês ao serviço da ação dramática, conta ainda em palco com o percussionista Bernat Torras. Para ver no dia 17 de julho, às 22h00, no Parque da Juventude, em Vila Nova de Famalicão, e no dia 18 de julho, às 22h00, na Praça de Pedra do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães.
Apesar da companhia “O Último Momento” estar radicada em França, João Paulo Santos é um nome incontornável do novo circo nacional. No Vaudeville, apresenta “Un Partie de Soi”, uma coreografia intensa, usando o mastro chinês, que pode ser vista no dia 18 de julho, às 19h00, no Jardim do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, e no dia 19 de julho, às 19h00, na Praça Braga 25, Campo da Vinha, em Braga.
“Rima”, de Alan e Alvin, explora a ligação entre os dois artistas (um malaio e outro brasileiro), especialistas em roda Cyr, que se encontraram em Portugal. Já “Cream”, projeto do INAC, recorre ao malabarismo para retratar um indivíduo dominado pela tecnologia. Os dois espetáculos vão ser apresentados nas quatro cidades, nos dias 17, 18 e 19 de julho.
Ao longo da última década, o Festival Internacional Vaudeville Rendez-vous tem se consolidado como uma referência na promoção do circo contemporâneo, procurando novas linguagens de criação para o espaço público. Este percurso faz com que o Teatro da Didascália integre estruturas de projeção internacional, como a plataforma Circusnext e o projeto de cooperação europeu CircusLink.
O Festival está também comprometido com as questões da acessibilidade e inclusão, salvaguardando acessos e lugares para pessoas com mobilidade condicionada. Nesta edição, pela primeira vez, alguns espetáculos contam também com a interpretação em Língua Gestual Portuguesa, prática que o Vaudeville Rendez-vous pretende expandir nas próximas edições a toda a programação.