
“O território nacional é exigente e uma Volta, que devido às características técnicas deste percurso, se viu obrigada a deixar de fora o Algarve e o Alentejo, em detrimento da escolha do Nordeste Transmontano e do Alto Minho, obviamente que é uma Volta mais exigente”, analisou o diretor da prova ‘rainha’ do calendário velocipédico nacional.
Na estrada entre 06 e 17 de agosto, a 86.ª edição será ‘imprópria’ para sprinters, que terão, no máximo, duas oportunidades para brilhar, ao contrário dos escaladores e puncheurs, que têm seis metas instaladas em alto.
“Digamos que não é um sprinter puro que vai conseguir vencer algumas daquelas chegadas em plano, mas que têm um trajeto com um grau de dificuldade grande, mas há grandes velocistas que até agradecem que exista dificuldade nestas etapas, para afastar aqueles velocistas puros”, notou.
Joaquim Gomes falava aos jornalistas após a apresentação da próxima Volta a Portugal, que decorreu na Câmara Municipal de Lisboa, a pouco mais de duas semanas do arranque na corrida na Maia, e, instado a apontar os seus destaques para esta edição, começou pela “grande novidade” que é a chegada ao Sameiro, ponto final da primeira etapa.
“Depois de uma grande ligação ao município de Braga, no contexto histórico da Volta, convencemos os autarcas a escolher como palco de final de etapa o Santuário do Sameiro, em vez do centro da cidade. Isso vai acrescentar dificuldade, até porque teremos um circuito final que vai abordar alguns dos locais mais icónicos de Braga, como também o Santuário do Bom Jesus, [e] a famosa rampa de Falperra, que neste caso vai ser feita a descer”, enumerou.
No entanto, para o duas vezes vencedor da prova “o grande interesse vai ser mesmo o Santuário do Sameiro, onde os corredores vão finalizar à segunda passagem” e os principais protagonistas “terão possibilidade de se afirmar logo”.
“A região Oeste, por todos os motivos e mais alguns, e até pela enorme afirmação do nosso querido João Almeida, há muito que merecia uma etapa em pleno da Volta a Portugal”, apontou, lembrando que a subida ao Montejunto são “somente” cinco quilómetros, mas “com grande grau de exigência”.
Joaquim Gomes mostra-se convencido de que o Montejunto será um digno sucessor da Senhora da Graça, habitual palco final de penúltima etapa, mas este ano ‘deslocada’ para a quarta tirada.
“Não tenho dúvidas sobre isso, até porque não podemos esquecer que a etapa ‘rainha’ na Torre está muito perto já da parte final da Volta”, pontuou.
O diretor da prova acredita, contudo, que será o contrarrelógio de 16,7 quilómetros do último dia, em Lisboa, a decidir quem será o sucessor do russo Artem Nych.
“São somente 16 quilómetros, mas quer fisicamente, quer animicamente, esta caravana estará certamente ‘destroçada’, portanto estes 16 quilómetros vão fazer a diferença. Aquilo que eu acredito é que a Praça do Império, com os Jerónimos como pano de fundo, vão brindar certamente os mais fortes corredores desta edição da prova”, completou.
Questionado sobre a ausência das espanholas Euskaltel-Euskadi, Burgos-BH e Kern Pharma, três ProTeams que costumam marcar presença na corrida nacional, Gomes escudou-se num calendário internacional “cada vez mais exigente”.
“Há equipas que tiveram a infelicidade de circunstâncias muito nefastas nas últimas competições terem reduzido e muito o seu plantel e tiveram que tomar opções. […] A Volta provoca um desgaste imenso que não pode ser encarada como uma prova de transição para outras provas. Ou se participa na Volta com interesse competitivo, [porque] pensar em participar na Volta numa fase de transição para outros grandes eventos, isso é demasiado arriscado”, concluiu.