Ai querem notícias “positivas”? Leiam mais a imprensa regional!

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Não é de agora que ouço o “queixume” de que os jornalistas são os culpados “disto tudo”, que só querem “sangue”, que só se interessam por notícias polémicas. A crítica, que voltei a ouvir durante o Conselho de Opinião da RTP, é legítima, mas também é uma carapuça apertada para a minha cabeça de “mera” jornalista da imprensa regional.

Ouvi presidentes de Câmara e responsáveis de diferentes instituições lamentarem-se por não verem reflectidas nas telas da televisão o que de bom se faz nesta região. Mas não ouvi um único reconhecer o trabalho que a comunicação social regional faz todos os dias e semanas em prol da região, que todos enchem a boca para dizer que amam.

Não há uma única semana em que o Jornal Alto Minho não traga notícias “positivas” da região. E não é uma ou duas notícias. Por vezes são páginas e páginas seguidas. Publicamos o crime, a polémica, a faca e o alguidar, mas também procuramos mostrar, em todas as edições, o melhor que esta região tem. Por isso, se querem notícias “positivas”, leiam mais e valorizem muito mais a imprensa regional!

Aparecer na televisão ou num jornal nacional continua a afagar o ego de muitos e acredito que lhes tolda o discernimento para perceber algo que a vizinha Galiza há muito já sabe: a importância de uma imprensa regional forte. Dirão que o problema/solução é a regionalização. Pode ser, mas enquanto certas “autoridades” e “paladinos” com poder continuarem deslumbrados a financiar orgãos de comunicação social nacionais por migalhas de atenção, bem podem continuar a queixar-se de que faz falta o “jornalismo de proximidade” e que é preciso noticiar os fogos que são apagados e não só aqueles que queimam tudo. Parece-me de elementar compreensão a ideia de que uma imprensa regional forte é a base para impulsionar o resto.

Mas aqui chegados, surge o grande problema: financiamento. Por isso, surpreendente também foi ter ouvido um responsável pelo sector empresarial dizer que a imprensa regional “tem muito valor, mas infelizmente está muito dependente dos subsídios municipais”. Ora aqui está um belo contributo para a discussão, principalmente vindo de alguém ligado às empresas. É que até a sopa de letras custa dinheiro e a ideia de que agora está tudo no Facebook, por isso, os jornais não interessam, vai sair ainda mais cara no futuro.