Clube de Caça e Pesca de Vieira do Minho tem afinado a pontaria ao longo de 40 anos

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Fundado oficialmente no dia 3 de março de 1981, o Clube de Caça e Pesca de Vieira do Minho tem-se destacado no panorama regional e nacional. Com mais de quatro décadas à frente do clube como presidente, Carlos Jorge Monteiro afirma que “o clube nasceu do gosto pelo tiro e pela caça” e acabou por se tornar num dos clubes de tiro mais conceituados. Apesar do percurso de sucesso, o dirigente não abranda nas ambições e revela que há planos para expandir as infraestruturas com o objetivo de “trazer ainda mais gente apaixonada pela modalidade a terras minhotas”.

Desde criança ligado à caça, Carlos encontrou no tiro aos pratos uma vertente mais técnica e desafiante, mas igualmente cativante. “São duas coisas completamente diferentes. A caça tem muito de convívio e de contacto com a natureza, enquanto o tiro aos pratos é mais técnico e mecânico”, explicou, revelando que foi esse entusiasmo que o levou, juntamente com um grupo de amigos, a dar os primeiros passos para a criação do Clube de Caça e Pesca de Vieira do Minho. 

“Quando comecei, nem sequer havia campos de tiro como hoje. Íamos para os baldios ou para o monte, a disparar para pratos lançados à mão ou com máquinas manuais. Era tudo muito rudimentar”, recordou. Mas nem a falta de recursos travou o crescimento do clube e com um grupo de amigos construiu-se a sede. “Foi tudo feito com o esforço de amigos. Havia um mecânico, um ortopedista, e eu também metia mãos à obra. Cortávamos a madeira cá em baixo e pregávamos lá em cima”, contou, entre risos. A sede, que começou por ser uma pequena sala, foi sendo ampliada ao longo do tempo e hoje conta até com uma zona de dormidas para acolher visitantes que participam nas provas e, de vez em quando, algumas tunas universitárias.

O clube já organizou várias provas a contar para o campeonato nacional e continua a atrair dezenas, por vezes centenas, de participantes. “Este é um dos clubes da zona Norte que mais participantes atrai quando há provas. Também já organizámos provas a contar para o campeonato nacional, o que dá sempre outro prestígio. Chegamos a ter quase 200 atiradores por prova, o que é bastante”, sublinhou. Além das provas oficiais, há também eventos interclubes, que juntam atiradores de vários pontos do Norte do país, “sempre num ambiente de grande camaradagem”. O Clube de Tiro de Vieira do Minho conta atualmente com cerca de 70 a 80 sócios. Nem todos são ativos regularmente, mas a ligação mantém-se sólida. “Há sempre os que estão mais envolvidos e os que só aparecem de vez em quando”, assume.

“Fala-se de tudo, desde espingardas a iscos para o rio”

Atualmente, o clube, conta com três campos de tiro, mas, para o presidente, esse número já não chega. O próximo grande objetivo é construir o quarto campo, essencial para acolher provas maiores, que exigem quatro campos em simultâneo. “É um investimento grande, mas estamos a tentar encontrar apoios ou uma forma de o fazer com meios próprios”, afirmou.

Apesar de todas as conquistas, incluindo títulos interclubes e até uma atleta campeã da Europa que começou no clube, nem tudo são boas notícias. Uma das grandes preocupações de Carlos Jorge Monteiro é o envelhecimento dos praticantes. “Há cada vez menos jovens a praticar tiro. A juventude já não se interessa tanto. Talvez por causa das novas mentalidades e da visão crítica em relação às armas”, apontou. Ainda assim, o clube não desiste de os atrair, explicando que o “tiro é um desporto de precisão, concentração e segurança, e não de violência”. “Nunca tivemos um acidente, felizmente. A segurança vem sempre em primeiro lugar”, garantiu o dirigente do clube.

Fora do clube, Carlos Jorge Monteiro mantém uma ligação próxima ao meio através da sua loja de desporto, especializada em caça e pesca. “Muitos dos meus clientes são também membros do clube. A loja acaba por ser um ponto de encontro, onde se fala de tudo, desde espingardas a iscos para o rio”, gracejou. “Passo grande parte do meu tempo aqui. Ainda hoje sou eu quem trata das inscrições, dos seguros, de marcar as provas, de limpar os campos…é tudo à minha conta”, rematou, salvaguardando que é algo que gosta de fazer.