“Santoinho é do melhor para conhecer as tradições da região”

0
83

Os anos passam, mas a tradição mantém-se. Entre os que decidiram voltar e os que viveram a experiência pela primeira vez, foram muitos os que fizeram questão de visitar o Santoinho na abertura de mais uma época de arraiais.

Na mesa reservada aos aniversariantes, com vista privilegiada para o centro do arraial, juntou-se o grupo de Hermínia dos Santos para celebrar o aniversário de uma amiga. A mulher, natural de Matosinhos e emigrada em França, trajou a rigor para mais um arraial, com os padrões tradicionais a destacarem-se nas várias peças que vestiu, como o colete, o avental, as socas, na blusa, no colar e no lenço que trouxe à cabeça, coberto por um chapéu vermelho repleto de lantejoulas e luzinhas.

Ao longo da noite, saltou do lugar para dançar o Vira, participar nas marchas populares e para se apressar a provar as sardinhas e o caldo verde. “Gosto imenso do Santoinho. Venho duas ou três vezes por ano. Venho pelo ambiente, pela música. É uma casa muito popular e divertida”, afirmou Hermínia, que se estreou nos arraiais do Santoinho há cerca de 20 anos, e que desde aí ficou a conhecer todos os cantos à casa e criou laços de amizade com quem lá trabalha. Hermínia assegurou que tanto ela como os “amigos do coração” que a acompanharam nesta noite de arraial vão voltar para repetir a diversão. “Não abandono esta casa”, garantiu.

Neste primeiro arraial de 2025, vários escuteiros aproveitaram a realização do Conselho Consultivo Nacional em Viana do Castelo para viver uma noite de muita animação e convívio.

“Temos aqui chefes regionais da maior parte de Portugal Continental e das ilhas”, contou António Pereira, chefe regional dos escuteiros de Viana do Castelo. Depois de passarem pelo Museu do Chocolate e participarem na eucaristia na Sé, acabaram o dia no arraial. “Para muitos deles, isto é uma primeira experiência. A maior parte do pessoal não sabe o que é um arraial minhoto. Viemos mostrar um pouco da cultura local e o Santoinho é uma mistura de toda a cultura da nossa região”, disse.

Entre os estreantes, estava David Pinheiro, vindo de Manteigas, na Guarda. “É um convívio e uma forma de conhecer as tradições da região. É do melhor!”, afirmou. Também José Rodrigues visitou o Santoinho pela primeira vez. O escuteiro lisboeta, que fez questão de provar de tudo e que andou animado no meio do bailarico, confessou estar a viver uma experiência “espetacular”.

“Tudo o que seja tradicional e tudo o que é a raiz cultural portuguesa faz-nos sentir em casa. Seja aqui, em Lisboa, no Porto ou onde quer que seja, a música tradicional, o ambiente de baile e de arraial é sempre um local em que nos sentimos sempre dentro de água, estamos sempre bem”, afirmou José Rodrigues.

O arraial tem também a fama de ser um palco privilegiado para despedidas de solteira. Que o diga Cláudia Seabra, que juntou-se a um “grupo fenomenal” dos seus alunos de hidroginástica, de Gondomar, para celebrar a passagem para a equipa dos casados.

“Isto começou às 18 horas, quando entrámos numa camioneta, em Baguim do Monte. Eles disseram “vai” e eu fui”, contou, animada, a “Rainha Cláudia”, que já tinha visitado o Santoinho “umas seis ou sete vezes”.  “Já conhecia. É incrível, maravilhoso. A comida estava muito boa, e a bebida estava melhor”, gracejou Cláudia Seabra.

Depois de ter começado a noite a malhar o milho na eira com o Grupo Folclórico Cultural Danças e Cantares de Carreço, de um jantar bem regado com muita dança à mistura, a noite parecia não ter fim à vista para a noiva. “Não sei que horas são, mas acho que isto ainda vai durar”, afiançou a noiva.