Produtores de leite pedem ajuda a Marcelo

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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) pediu a intervenção do Presidente da República em relação ao actual preço do leite e custos de produção. Os produtores aproveitaram a visita do Chefe de Estado à Sociedade Agrícola Carreira Gonçalves, em Esposende, para o alertar ainda para “a imagem negativa da agricultura e da pecuária nas escolas e na comunicação social”. 

“Em fevereiro de 2021, o preço médio ao produtor foi 30 cêntimos/kg, o terceiro mais baixo da Europa. Não temos qualquer indicação de subida desse preço. Em dezembro de 2020 o preço da ração começou a subir. Há agricultores a pagar 40 cêntimos por quilo de ração”, referiu a Associação, indicando que “este aumento das rações representou um aumento nos custos de dois cêntimos por litro de leite, sem qualquer compensação até ao momento”. “Isto causa uma grande revolta, preocupação e desânimo entre os produtores de leite. Os mais velhos abandonam, sem haver sucessores porque o rendimento atual não paga o investimento necessário e o trabalho dos agricultores”, sustenta. 

A APROLEP alertou ainda Marcelo Rebelo de Sousa para a “imagem negativa da produção agrícola e pecuária veiculada através dos meios de comunicação, de reportagens e documentários exibidos na televisão pública, das redes sociais e dos manuais escolares, onde os agricultores são injustamente acusados de ser a principal fonte de poluição do solo, das águas e de maltratar os animais”. De acordo com a Associação, esta situação tem sido encarada pelos produtores de leite “com apreensão e indignação”. 

“As vacas são apontadas como causadoras do aquecimento global, mas os dados da Agência Portuguesa do Ambiente mostram que a agricultura representa apenas 10% da emissão de Gases de Efeito de Estufa, metade dos quais na pecuária. As vacas leiteiras são apenas 16% do total de bovinos existentes em Portugal, pelo que as emissões do sector devem representar menos de 1% das emissões do nosso país. No caso específico das vacas leiteiras, os dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente apontaram uma redução de 18% da emissão de metano entre 1990 e 2017, devido à redução do efetivo leiteiro. Isso é confirmado pelos dados do último recenseamento agrícola, que apontaram uma redução de 11% no número de vacas leiteiras entre 2009 e 2019”, realça a APROLEP.

Outro dos assuntos que a Associação abordou com o Presidente da República foi a preocupação em relação à “redução das ajudas da PAC”. “O preço baixo do leite tem sido mitigado, ao longo dos anos, com as ajudas da PAC, mas no final de 2020 fomos confrontados com perspetivas que apontam uma enorme redução dessas ajudas anuais. Tem sido apontada pelo Ministério da Agricultura a hipótese de compensar essa redução com um ajuste dos pagamentos ligados e a introdução de “eco-regimes”, mas nada está definido e a preocupação do setor é grande face à incerteza sobre o orçamento disponível para essas medidas”, concluiu.