Super atleta e capitã da seleção nacional de trail é aluna no IPVC

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A atleta portuguesa com mais participações e melhores classificações em mundiais de trail e capitã da seleção nacional de trail running é aluna da pós-graduação em trail running na Escola Superior de Desporto e Lazer do Politécnico de Viana do Castelo (ESDL-IPVC).

Licenciada, há 25 anos, em Desporto e Educação Física e Mestre em Atividade Física Adaptada, e, em altura de fazer um balanço e tomar decisões, Lucinda abraçou, este ano, um novo desafio: fazer a pós-graduação em Avaliação, Planeamento e Performance em Trail Running na ESDL-IPVC. “Aprofundar conhecimentos e adquirir novas competências, principalmente ao nível da avaliação” são os seus objetivos. “Esta Pós-Graduação é uma mais-valia para quem, como eu, também está ligada ao treino”, justificou. 

Aos 51 anos, Lucinda Sousa, de Gondomar, é a número um em Portugal no ultra trail. A capitã da seleção nacional de trail já venceu as principais provas da disciplina em Portugal e participou nas principais provas de trail internacionais, tendo, em muitas delas, sido a melhor portuguesa, com destaque para o Ultra Trail du Mont Blanc, com 170 Km, em 2017. Foi a portuguesa melhor classificada no Circuito Mundial de Ultra Trail em 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. E tudo começou há aproximadamente 10 anos.  

Sempre esteve ligada ao desporto, principalmente à natação, mas, em 2013, estreou-se numa competição de trail. A vitória na sua primeira prova foi o rastilho para a paixão pelos trilhos. “Sou apaixonada pela corrida, pelos trilhos e pelos grupos que se criam. Os grupos, a própria corrida são um vício… e como tinha sucesso, fui-me mantendo.”

A sua preferência recai nas provas de três dígitos. “Estas provas de endurance envolvem uma organização diferente, quer ao nível do planeamento, quer da sua gestão para as terminarmos e fazermos um bom resultado.” E a paixão que descreve já a levou a cometer algumas loucuras. Recorda que, no seu primeiro mundial, em Annecy, França, correu 85 km com uma fratura na rótula.

No início do mês, Lucinda Sousa disputou o Campeonato do Mundo de Trail Running, em Chiang Mai, na Tailândia. Apesar das muitas dificuldades sentidas, garantiu o 50.º lugar no long trail feminino. Foi também nesta prova que Portugal conquistou o seu melhor resultado coletivo, o sétimo lugar, nesta que foi a primeira edição do Mundial de Montanha e Trail Running.

 O objetivo de Lucinda Sousa era “terminar a prova e tentar pontuar o máximo possível”. O fuso horário, as condições climatéricas, com muita humidade e temperatura alta, a falta de treino no local do campeonato e os problemas gástricos, que a “impossibilitaram de ingerir alimentos sólidos e líquidos a partir dos 40 km” da prova, condicionaram o seu resultado, que ficou “aquém” das suas “expetativas”. “Gostaria de ter reduzido cerca de uma hora ao meu tempo, mas não foi possível”, refere.

Foram aproximadamente três horas que separaram Lucinda (11:26:46) da vencedora, a francesa Blandine Lhirondel, nesta competição de 78 quilómetros.

Segundo esta superatleta, Portugal tem excelentes condições para a prática de trail, mas os competidores nacionais enfrentam dificuldades. “Não há apoios, patrocínios”, o que significa que, ao contrário de adversárias de outras nacionalidades, tem de fazer uma excelente gestão entre a família, o trabalho, as competições e até mesmo uma gestão financeira, sobretudo aquando das participações no exterior. Além disso, grande parte das provas internacionais fazem-se a altitudes de 2 mil/ 3 mil metros, algo “difícil de treinar” em Portugal. E se todos estes condicionalismos não fossem suficientes, há um outro que Lucinda Sousa destaca: a modalidade atrai cada vez mais praticantes, mas “muitos não a procuram pela competição”, o que faz com que, comparativamente com outros países, Portugal tenha poucos efetivamente atletas. “Aliás, para o número de atletas que temos, a nossa classificação no Mundial foi fantástica!”, rematou.