“Manuel Alves enriqueceu a Correlhã”

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O falecimento Manuel Alves causou grande consternação na Correlhã (Ponte de Lima). No final do ano passado, Manuel Alves publicou uma antologia e biografia do pai, António da Silva Rodrigues Alves, um poeta popular reconhecido pela sua “fenomenal” capacidade de memorização. 

“O meu pai dedicou grande parte do seu tempo de vida à escrita e a recitar versos. Por outro lado, antes de 1974, alvo da censura política da época, viu-se obrigado a interromper este hobby que tanto gostava”, começou por contar Manuel Alves, acrescentando que ele editou pequenos livros de poesia entre 1981 e 1993, fazendo sempre referência à sua família e quotidiano da época. 

No lançamento do livro, Fátima Oliveira, presidente da Junta de Freguesia da Correlhã, elogiou Manuel Alves pela sua dedicação à história da freguesia, tendo assinado vários trabalhos sobre a Correlhã. “Manuel Alves tem sido um dos maiores parceiros culturais junto deste executivo. Temos as nossas associações que muito trabalham e dignificam a nossa freguesia, mas o trabalho de pesquisa com tanto amor e tanta carolice deve-se a a homens como Manuel Alves.  “A Correlhã fica, realmente, mais rica com este livro”, vincou. 

Em 2021, numa entrevista ao Semanário “Alto Minho”, como coordenador do livro “Correlhã em Festa”, Manuel Alves, recordou o seu percurso na Irmandade e como assumiu esta tarefa. “Comecei a pertencer à Irmandade da Boa Morte nos anos de 2002/2003, nessa altura era a Comissão de Festas que organizava a revista da Senhora da Boa Morte. Uma das minhas funções era coordenar a revista e foi assim que ganhei experiência”, registou.

Foi por indicação de Manuel Alves que a Comissão delegou a coordenação do livro a Rui Quintela. “Mais tarde, em 2014/2015 a Comissão perguntou-me quem devia organizar a revista e na altura disse-lhes que deviam ter um coordenador apenas para a revista. Assim foi, ficou o Rui Quintela a coordenar a revista, mas há dois anos ele saiu e a Comissão falou comigo, como tenho disponibilidade aceitei. Na coordenação do livro tenho de falar com os colaboradores para fazerem um texto alusivo à Senhora da Boa Morte ou à Correlhã, são esses textos que enriquecem a revista”, afirmou.

Para além dos colaboradores para os textos conta com a ajuda de Amândio Vieira. “Todas as fotos são do Amândio Vieira, é a área dele e foi uma grande ajuda, até na coordenação do livro e sequência dos temas. Por exemplo, já aconteceu abrir o livro a falar de futebol, quando o principal tema devia ser sempre a festa da Senhora da Boa Morte. Quando todos ajudam as coisas ficam mais perfeitas. Deu algumas sugestões para a capa do livro e a Comissão de Festas teve a liberdade de escolher uma. É um livro com muita história sobre a freguesia”, salientou.

Existe uma cidade no Brasil, Lages, que teve como fundador António Correia Pinto de Macedo, natural da Correlhã. Foi o coordenador dos textos do livro “Correlhã em Festa”, Manuel Alves, que destacou este facto e até ilustrou com a Estátua erguida em sua memória, na referida cidade brasileira do estado de Santa Catarina.

Para realçar a importância de António Macedo entraram em contacto com o Prefeito da cidade de Lages, António Ceron, que referiu-se à Correlhã como “população amiga”. “O povo de Lages quer enviar o nosso abraço a toda a população amiga dessa localidade de Portugal, por esse cidadão tão ilustre, o fundador de Lages, que tem memória, a sua vida e a sua história, imortalizada aqui na cidade de Lages. Portanto, o nosso respeito e o nosso abraço do povo Lageano ao povo de Correlhã – Portugal, irmão da nossa cidade”, apontou António Ceron. Para Manuel Alves é “verdadeiramente exemplar, a fundação da cidade de Lages, por António Correia Pinto de Macedo, correlhanense ilustre, empreendedor e corajoso”. “Mereceu importante homenagem do povo da cidade de Lages, que lhe ergueu imponente estátua”, sublinhou no livro “Correlhã em Festa”.