Vilar de Mouros rolou e rolou no primeiro dia… ai se pudéssemos voar!

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Uma geração saltou, suou e empoeirou o primeiro dia do festival CA Vilar de Mouros. Foi a geração criada a ouvir Limp Bizkit, num tempo sem smartphones e com pressa de aprender todas as letras da banda de Fred Durst, que, com calções às flores e camisola fogueada, incendiou uma plateia iminentemente masculina e em tronco nu. Os norte-americanos, há muito aguardados em Vilar de Mouros, desfiaram os seus grandes êxitos para êxtase de uma plateia ávida por gritar “My generation”, “Nookie”, “My way” ou “Rollin”. Ai se pudéssemos voar…!

 

Surpreendido por ver um mar de gente à sua espera, numa pacata aldeia tão longe da sua Jacksonville, Fred Durst ficou ainda mais estupefacto por perceber que no dia seguinte a maior parte tinha de trabalhar. Com 53 anos, feitos há dias, o vocalista também surpreendeu o público, especialmente o Márcio, fã que conheceu no aeroporto, avistou no meio do público e chamou ao palco. Márcio agarrou a oportunidade e o microfone e entregou-se inteiro a “Full Nelson”, cuja letra conhecia de trás para a frente, e arrasou nos gestos, que se deve ter fartado de fazer quando curtia a música de Limp Bizkit na adolescência.

 

Mas Vilar de Mouros foi muito mais no primeiro dia. Foi a magia do reencontro e um hino à amizade. Que o digam Marlene Araújo e Sónia Correia. A primeira nativa de Vilar de Mouros e a segunda de Aveiro fazem parte de um grupo de amigos com diferentes nacionalidades, forjado neste festival há anos. “Eu já venho cá desde 2000. Além de Aveiro e Vilar de Mouros, temos pessoal do Porto, Viseu e Lisboa, Espanha e Inglaterra e uma das nossas amigas é inglesa, mas vive em França… somos um grupo com 20 a 30 pessoas”, contou Sónia Correia. Neste grupo há uma história de amor nascida no festival, depois do concerto de Peter Murphy, em 2005. “Conheci o meu marido em cima da ponte depois de ouvir Peter Murphy”, confirmou “Binda”. O marido, Juan, é galego e actualmente o casal tem um filho e vive em Vigo. “Eu mudei a minha vida nesse ano, um mês depois do festival…Vilar de Mouros é tudo, por isso, regressamos aqui todos os anos para comemorar”, acrescentou. “E não precisamos de telemóveis para saber onde e a que horas nos encontramos aqui, nunca nos perdemos”, assegurou. 

“A amizade vale tudo em Vilar de Mouros”

“É uma amizade, partilha e encontro fantásticos. Estamos o ano inteiro à espera deste festival para nos encontrarmos e partilhar esta amizade”, reforçou Sónia, de 50 anos, funcionária de um hospital em Aveiro. A amiga Marlene Araújo, de 34 anos, trabalha no café central de Vilar de Mouros, durante o festival. Para esta festivaleira da “terra”, o festival significa “vida”. “Eu renasço aqui”, disse. 

Este ano, Sónia ganhou o bilhete para o festival, num concurso promovido por um dos patrocinadores oficiais do evento, ao partilhar a história da amizade deste grupo, particularmente, a sua experiência depois de conhecer Emma e Rachel, as duas inglesas do grupo. “Contei como nos tínhamos conhecido, de como vivemos estes momentos como se fossem os últimos e como a amizade vale tudo em Vilar de Mouros. E aqui podemos ser quem somos, despreocupados com o que os outros vão pensar”, partilhou.