Escolas de Ponte de Lima semeiam bolotas e vão vender carvalhos ao Município 

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As escolas do primeiro ciclo do concelho de Ponte de Lima vão ser “fornecedoras” de árvores que vão dar corpo ao “Pulmão do Alto Minho”, um projecto do Município que aposta na definição de uma infra-estrutura verde, com base na floresta autóctone, para que o território seja mais resistente aos efeitos das alterações climáticas e dos grandes incêndios rurais. Por cada árvore, a autarquia limiana entrega um valor monetário que os estabelecimentos de ensino podem aplicar em projectos próprios.
O protocolo que junta os quatro agrupamentos de escolas do concelho e a APPACDM de Ponte de Lima pretende, essencialmente, ajudar a sensibilizar os alunos para a importância da floresta e dos seus ecossistemas. As escolas são desafiadas a semear árvores de espécies autóctones que depois serão “vendidas”, por um euro, ao Município, num viveiro que vai integrar a maternidade das árvores que, mais tarde, serão usadas em acções de reflorestação no âmbito do projecto “Ponte de Lima – Pulmão do Alto Minho”.
Depois da cerimónia de assinatura dos protocolos, que decorreu no Centro de Interpretação Ambiental das Lagoas de Bertiandos e S. pedro d’Arcos, alguns alunos do Centro Educativo de Arcozelo, acompanhados pelos técnicos do serviço educativo da Área de Paisagem Protegida, puderam semear um carvalho alvarinho e perceber o ciclo do seu crescimento. Jorge Miguel, aluno do quarto ano do Centro Educativo de Arcozelo, estava “entusiasmado” com a atividade, uma vez que gosta de “aprender na natureza”. “Hoje aprendi que, se continuarmos a plantar árvores, vamos ter florestas maiores e um futuro melhor”, começou por dizer o menino de 9 anos, natural da freguesia de Brandara, mostrando-se “ansioso” por voltar a ver a árvore que plantou. “Gostei muito de semear e daqui a 60 anos quero vir aqui para ver se a árvore cresceu muito”, atirou, acrescentando que “todas as pessoas deveriam fazer o mesmo”. “Eu já tinha semeado algumas vezes, porque assim temos todos mais oxigénio”, explicou.
Também Duarte Rodrigues plantou a sua bolota de carvalho alvarinho e espera que cresça viçosa para ajudar a “engordar” a maternidade das árvores. “Hoje aprendemos como semear uma árvore e todo o seu processo de germinação. Já tinha plantado árvores, mas nunca tinha semeado nenhuma. Não imaginava que demoravam tanto tempo a crescer”, contou o aluno de 9 anos, consciente da importância desta acção. “É muito importante fazer esta sementeira porque as árvores dão-nos oxigénio e fazem-nos viver”, declarou, garantindo que as preocupações com o ambiente já fazem parte do seu dia-a-dia. “Não deito lixo para o chão e não desperdiço água”, afirmou, realçando que “é sempre muito divertido” participar nas actividades no Centro de Interpretação Ambiental.
Gonçalo Rodrigues, vereador do ambiente na Câmara Municipal de Ponte de Lima, acompanhou de perto as actividades dos mais novos e notou que será “com o contributo de todos” que o projecto “Pulmão do Alto Minho” ganhará forma. “E vocês vão fazer parte dessa mudança”, incentivou. “Estamos a tentar lançar essa semente e acreditamos que os jovens têm aqui uma acção determinante. Contamos com o trabalho dos alunos de Ponte de Lima para que possamos ter material vegetal para que as florestas possam renascer. Que comece a transformação do território com o contributo dos mais pequenos”, proclamou, , admitindo que este será um processo que “vai demorar muitos anos”. “Por exemplo, quando semeamos uma bolota de carvalho só dali a dois ou três anos é que pode ser plantada e são precisos cinquenta ou sessenta anos para que chegue a uma árvore adulta. Nós não estaremos cá, mas este projecto é a pensar em vós e nos vossos filhos”, declarou o autarca, deixando um apelo aos jovens alunos. “Atenção com o nível desregrado de consumo. A cautela no consumo é um grande desafio que têm pela frente para termos todos um ambiente melhor e para estarmos todos melhor na nossa casa mãe que é o planeta terra”, vincou