Fraudes MBWAY: a Nova Face do Golpe Online

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Paula Pratinha

QUOR Advogados

 

O aumento de fraudes através do MBWAY tem sido uma preocupação crescente em Portugal, pois os criminosos adaptam-se rapidamente e encontram formas cada vez mais criativas para enganar os utilizadores. Além dos conhecidos esquemas de mensagens “Olá pai! Olá mãe!” em que burlões fingem ser familiares em apuros, hoje surgem fraudes que iludem até os mais cautelosos.

Uma destas novas fraudes, que já me fora relatada diversas vezes como Advogada responsável pelo departamento criminal na QUOR Advogados, começa com uma proposta de trabalho “freelance” online, onde as vítimas são atraídas com a promessa de ganhar dinheiro apenas por interagir com redes sociais, como dar like ou fazer comentários em plataformas como Instagram ou Booking. O objetivo é atrair pessoas que pretendem obter um rendimento extra, como jovens ou pessoas em situação financeira mais frágil. No início, os burlões pedem pequenos investimentos, prometendo o retorno em dobro ou triplo após o cumprimento de determinadas metas.

De facto, nas primeiras interações, a vítima recebe o dinheiro prometido, criando uma falsa sensação de segurança, porém à medida que o golpe avança, os criminosos incentivam a vítima a investir quantias cada vez maiores, garantindo retornos ainda mais altos. Mas, quando os valores aumentam substancialmente, as “metas” deixam de ser cumpridas e o pagamento nunca mais chega. Quando as vítimas percebem que foram enganadas, muitas vezes é tarde demais, sem dados ou registos claros dos burlões, torna-se praticamente impossível rastrear quem realmente está por trás do esquema. As transferências realizadas são feitas de e para outras vítimas, mantendo os verdadeiros responsáveis fora do alcance judicial.

As autoridades alertam ser crucial não partilhar dados financeiros com estranhos e desconfiar de promessas de dinheiro fácil. De acordo com o Código Penal, fraudes deste tipo podem ser enquadradas no crime de “burla informática”, que prevê pena de prisão até 5 anos, dependendo da gravidade do caso. As vítimas são aconselhadas a denunciar estes crimes ao MP ou PJ.

Com a digitalização o crime está cada vez mais disfarçado de oportunidade e na maioria das vezes o verdadeiro lucro é do burlão, enquanto as vítimas ficam com o prejuízo.