“O meu filho não pode ser ensinado da mesma maneira que eu fui”

0
90

António Conde, mais conhecido por Demo, esteve em Arcos de Valdevez para partilhar a sua  experiência dos seus tempos de escola e enquanto artista. O membro da banda Expensive Soul juntou-se a José Eduardo Martins, ex-deputado por Viana do Castelo e ex- Secretário de Estado do Ambiente e do Desenvolvimento Regional, ao actor e encenador António Capelo e a Cristina Carvalho, diretora pedagógica do Conservatório Música David Sousa e Conservatório Regional de Coimbra, na iniciativa “Conversas na escola” dinamizada pelo Conservatória de Artes de valdevez para falar da importância das artes na educação. Confessou que nunca foi bom aluno por não se sentir estimulado com a forma como se ensinava e lamentou que exista uma desvalorização na área da cultura.
Na iniciativa, que encheu o auditório da Escola Secundária de Arcos de Valdevez, Demo foi instado por António Rodrigues Teixeira, moderador das Conversas na Escola, a contar como é que criou a banda Expensive Soul com um colega de turma, e revelou que chumbou três vezes de ano na escola. “Não tinha muito interesse nas matérias porque eram dadas de uma forma cansativa e secante. Sentia, muitas vezes, que era um frete estar ali. Como é que poderia ser feliz com uma carrada de trabalhos de casa, com um ensino super formal que me cativava zero e com uma forma de explicar quase arcaica? A minha mãe até dizia que eu não queria era trabalhar e tinha razão porque eu não queria”, gracejou, provocando uma gargalhada na vasta assistência. Apesar de garantir que não era bom aluno a Português, sempre gostou de escrever. “Sentia a necessidade de escrever, mas de uma forma como nós falamos: suave, com calão, com tudo… Tinha esse impulso dentro de mim”, confessou.
Tocado pela partilha, José Eduardo Martins notou que a experiência de Demo continua a ser transversal a muitos jovens actualmente. “Os meus filhos ainda estão na escola e, quando chegam a casa, dizem o mesmo. Os professores ensinam como lecionavam há 50 anos e os miúdos já não são iguais. A escola precisa de dar um salto porque esta malta nova é completamente diferente. O meu filho não pode ser ensinado da mesma maneira que eu fui”, defendeu o ex-deputado com raízes familiares em Paredes de Coura.