
“Chafé repudia e arrogância e a prepotência demonstradas pelo padre Pinto”
Depois de já terem manifestado desagrado com algumas decisões do pároco, a quem acusam de estar a criar um clima de desunião entre a população, a Junta de Freguesia de Chafé e as associações locais emitiram um comunicado conjunto de “indignação e repúdio” pela “postura, actos e declarações” do sacerdote. Consideram “imperioso que a hierarquia eclesiástica intervenha com celeridade para resolver” a situação, que já terá sido reportada à diocese há mais de um ano.
O descontentamento da população já tinha ficado bem patente nas comemorações do aniversário da independência de Chafé, relatadas na edição desta semana do Alto Minho, sendo agora confirmadas pelo comunicado conjunto. “Até à chegada do padre Pinto, a nossa freguesia era recordada pela sua atividade associativa, pelo espírito corporativo e pela união que sempre caracterizou as gentes de Chafé. Infelizmente, desde então, esse ambiente tem-se deteriorado. Apesar de não concordarmos com algumas das suas posições iniciais, optámos por uma postura de diálogo, procurando compreender as motivações do padre Pinto. Reconhecemos que encontrou uma comunidade dinâmica, mas por vezes desorganizada e que pretendia imprimir seriedade na gestão paroquial. Contudo, fê-lo de forma arrogante e prepotente, algo inadmissível num cidadão e, mais ainda, num sacerdote”, sustentam, acusando o sacerdote de administrar os bens e espaços da freguesia tradicionalmente ligados à Igreja “conforme a sua vontade pessoal”. É do conhecimento geral que o lar da freguesia, outrora com um património superior a um milhão de euros, se encontra atualmente em situação de falência. Onde antes os idosos eram tratados com dignidade, hoje há relatos de racionamento de alimentos, cortes na eletricidade e cuidados claramente deficitários”, alegam.
Frisando que o comportamento do sacerdote tem sido gerador de constantes conflitos, explicam que um dos casos que gerou contestação está relacionado com a festa em honra de Nossa Senhora dos Milagres e do Alívio. A proposta, aprovada por unanimidade, foi constituir uma comissão exclusivamente feminina, apoiada logisticamente pelos elementos masculinos das associações e pela Junta de Freguesia. No entanto, alegam que o pároco se mostrou “desagradado e intransigente relativamente à participação de algumas mulheres, recusando integrar qualquer comissão que as incluísse”. “Com a intenção de agregar e unir a nossa freguesia aceitamos as intransigências do padre Pinto, e, de forma politicamente correta reorganizamos a lista da comissão omitindo a postura do pároco”, explicaram, criticando a postura do sacerdote.
“Repudiamos a arrogância e a prepotência demonstradas, incompatíveis com o ministério sacerdotal, a difamação de voluntários e dirigentes associativos que sempre promoveram a união de Chafé e a tentativa de excluir membros por motivos não fundamentados, violando princípios de igualdade e respeito mútuo”, sustentam.
No comunicado, a Junta de Freguesia e as associações notam que já reuniram na Cúria de Viana do Castelo, tendo manifestado “a vontade de unir a freguesia”. “De forma a que prevaleçam o respeito, a verdade e o espírito de serviço comunitário. Durante 60 anos tivemos um único padre, o padre José Torres, que sempre foi respeitado por toda a comunidade”, atiram.
O pároco já desvalorizou as acusações, garantindo que “serão tratadas nas instâncias próprias”.