Intervenção arqueológica em Tamel S. Pedro Fins já identificou necrópole com 60 sepulturas

0
428

A intervenção arqueológica que está a ser feita junto à igreja paroquial de Tamel S. Pedro Fins, em Barcelos, já colocou a descoberto um contexto arqueológico quase exclusivamente cemiterial/necrópole, tendo-se identificado, até ao momento, 60 sepulturas, informou a autarquia. Esta sexta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino, e a vereadora da Cultura, Elisa Braga, estiveram no local para verificar o andamento dos trabalhos que deverão prolongar-se ainda por mais um mês.

Os autarcas, acompanhados por técnicos do Município e da Direção Regional de Cultura do Norte, procuraram inteirar-se da magnitude da intervenção que ali está a ser feita, na sequência do aparecimento de vestígios medievais encontrados, aquando da realização dos terraplenos realizados na parte norte do templo, em finais de junho de 2021, no âmbito da intervenção de requalificação da envolvente à igreja. 

Na primeira abordagem realizada pelo Gabinete de Arqueologia municipal ao sítio arqueológico, em articulação com a tutela regional do Património Cultural (DRCNorte), constatou-se a importância e extensão do conjunto; por essa razão, e tratando-se de um sítio de grande sensibilidade social e de difícil conservação, por traduzir os restos do cemitério medieval associado à paróquia, a União de Freguesias de Campo e Tamel São Pedro Fins contratou uma empresa de arqueologia para se proceder à caracterização e contextualização dos elementos detetados, aferir-se a viabilidade do projeto de reabilitação, e estudar formas de preservação dos vestígios no próprio local.

Com base na tipologia dos enterramentos, e por já serem bem conhecidos casos semelhantes no concelho (exemplos de Mondim, Panque, e de Paradela), não existem dúvidas que se tratam dos vestígios do cemitério mais antigo da localidade, possivelmente contemporâneo da primitiva igreja paroquial de São Pedro Fins (documentada desde os finais do século XI), datando o cemitério, portanto, dos séculos X/XI a XIII; uma das sepulturas, contudo, construída com caixa em tegula (telha de grandes dimensões), parece datar da fase paleocristã, podendo recuar a cronologia dos primeiros enterramentos no local até aos meados do século VI d. C. ou a períodos bem mais antigos, como o final da Romanização.

Para além das sepulturas, foi detetado um canal de drenagem do terreno, de cronologia mais recente, possivelmente do século XVIII ou até XIX, porque esta zona era muito atreita à concentração de água.

Os vestígios encontrados são passíveis de serem salvaguardados sob a forma de um ponto de interpretação arqueológico/patrimonial a criar no local, articulando os elementos arquitetónicos e funerários, e conjugando os dados arqueológicos apurados na intervenção, traduzindo-se a importância das paróquias medievais na origem e fixação do povoamento, e na construção e desenvolvimento da paisagem humana que hoje se conhece no concelho e na região minhota.