Ponte da Barca apela ao Presidente da República

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O presidente da Câmara de Ponte da Barca lançou um “forte apelo” ao Presidente da República para reabrir a fronteira da Madalena, no Lindoso, considerando que a decisão do Governo de mantê-la encerrada “é de cariz político”.

“Deixo aqui um forte apelo ao senhor Presidente da República para que olhe para a situação deste posto transfronteiriço. Bem sei que é pedir um esforço adicional de meios humanos, mas nós necessitamos de viver”, afirmou Augusto Marinho durante uma ação de remoção do material que o município tinha colocado naquela fronteira, “única porta de entrada” do Alto Minho à província de Ourense, na Galiza, aquando do seu fecho.

“Fui surpreendido com o facto de esta fronteira não reabrir. É inaceitável, não existe alternativa viável […]. Manter esta fronteira encerrada é um grande erro e uma grande injustiça, só quem não conhece a dinâmica desta fronteira ou faz uma gestão político-partidária – que quero acreditar que não seja o caso – é que toma a decisão de manter encerrada uma fronteira com o movimento que tem, quer ao nível de trabalhadores transfronteiriços, quer ao nível da intensa atividade de transporte de mercadorias”, defendeu, durante a ação, acompanhada à distância pela GNR.

O autarca social-democrata explicou que um trabalhador do concelho que até agora tinha de percorrer apenas 10 quilómetros para trabalhar do outro lado, em Lobios, na Galiza, tem agora de percorrer quase 600 quilómetros. “É inviável. A falta de alternativa justifica que as pessoas se aventurem por estes montes e um dia mais tarde podermos estar aqui a fazer reportagem – Deus queira que não – de algum desaparecido ou outro desfecho. Não necessitamos de chegar a esse ponto”, apelou.

Augusto Marinho disse ter tido conhecimento do caso de um trabalhador que, num dia de muita chuva, em que um pequeno ribeiro ficou com o caudal mais elevado, caiu enquanto percorria um trilho: “Foi a pronta intervenção dos seus colegas, que permitiu que não houvesse um desfecho fatídico. São situações preocupantes como esta que têm de ser analisadas”, insistiu.

Augusto Marinho disse que a reabertura parcial da fronteira da Madalena permitirá “um acesso rápido a Ourense, e a partir daí a Madrid e ao resto da Europa”.

“Toda a zona do distrito de Viana do Castelo e Braga utiliza esta via, evitando também o pagamento de portagens. Enviei um pedido senhor ministro da Administração Interna, argumentando com todos estes factos e pedindo não a abertura total da fronteira, mas pelo menos que estivesse aberta em dois períodos, um de manhã e outro ao fim do dia, que permitissem a passagem dos trabalhadores transfronteiriços e também das empresas que operam de um lado e do outro”, especificou.

Para Augusto Marinho, a abertura parcial da fronteira “iria aliviar a fronteira de Valença, com tempos de espera muito elevados para quem trabalha, diminuindo o risco de contágio e atenuando a já difícil situação em que se encontram as famílias e as empresas da região”.