O “pífio” da discórdia entre Miguel Alves e Olegário Gonçalves 

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A regionalização motivou mais uma discórdia entre os líderes distritais de Viana do Castelo do PS e PSD. Miguel Alves, que lidera os socialistas no Alto Minho e preside também ao Conselho Regional do Norte, acusou o novo líder do PSD de ter protagonizado no congresso do partido “um momento pífio” ao anunciar o não ao referendo sobre a regionalização. A resposta ao também autarca socialista de Caminha foi dada por Olegário Gonçalves, líder da distrital do PSD, que acusou Miguel Alves de fazer “demagogia política”. 

Miguel Alves considerou que a posição de Luis Montenegro vai contra a posição dos autarcas do PSD. “Estamos, no fundo, a assistir a um momento pífio onde o reformador acaba por parir um rato. E é estranho que o novo líder do PSD o faça sem ouvir a esmagadora maioria dos autarcas do PSD, sem ouvir a base do PSD, sem perceber aquilo que são as deliberações das várias regiões”, atirou Miguel Alves, lembrando que Conselho Regional do Norte “tem decidido sucessivamente, com o voto da esmagadora maioria dos autarcas, das empresas, dos sindicatos, das associações, em favor da regionalização”. “Por isso, fiquei muito desiludido, e até surpreendido, pelo facto de a primeira ação do putativo reformista ter sido o anúncio de uma antirreforma”, disse à Lusa.

Luís Montenegro considerou que um referendo sobre a regionalização em 2024, com a atual situação, será “uma irresponsabilidade, uma precipitação e um erro”, avisando que se o Governo decidir avançar o fará sozinho. “Acho muito estranho que as primeiras palavras de um líder recém-eleito e que chegou a apelar ao espírito reformista do país e até do Governo, sejam no sentido contrário, de antirreforma e de afastar aquela que é mais importante das reformas do Estado, a reforma administrativa que acaba por criar regiões e potencia a proximidade entre a decisão política e os territórios”, atirou Miguel Laves

“O reformista pariu um rato e essa é a notícia mais triste do fim de semana porque é importante que o maior partido da oposição estar em sintonia com uma das grandes reformas, talvez a mãe de todas as reformas”, reforçou Miguel Alves.

Para o presidente da distrital do PSD, Miguel Alves está a fazer “demagogia política”. “Pífio tem sido o processo de descentralização deste Governo socialista, que esse sim tem causado desagrado em vários municípios, tendo mesmo gerado uma crise nunca antes vista na Associação Nacional de Municípios”, acusou Olegário Gonçalves, defendendo o líder do seu partido. “Luís Montenegro não rejeitou nem o referendo, nem o processo de regionalização, assunto que não é tabu para o PSD. Luís Montenegro teve uma posição responsável para não levar ao escrutínio da população uma decisão tão importante para o futuro do país com fraquezas na proposta a apresentar”, considerou Olegário Gonçalves.

“Ninguém tem dúvidas que os momentos que vivemos a nível internacional, com os efeitos da guerra, com a subida da inflação geram mais incertezas que certezas. Por isso é prudente adiar a decisão. Não será por isso que a regionalização não avançará. Mas será por isso que ela avançará num processo responsável e sustentado”, acrescentou. Olegário Gonçalves considera que as declarações de Miguel Alves fazem parte de uma tentativa de desviar a atenção do que se está a passar no país. “Em poucos meses deste novo Governo, o país está num caos nos serviços de saúde sem que a gestão socialista consiga resolver os problemas existentes. Esta é uma questão que afeta diretamente todos os portugueses, mas parece que para Miguel Alves isto não é importante”, criticou Olegário Gonçalves.