Politécnico de Viana iça bandeiras verdes e ficou no pódio de práticas sustentáveis 

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Cinco escolas do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) receberam a bandeira verde Eco Escolas da Associação Bandeira Azul da Europa que distinguiu ainda dois projectos desenvolvidos por alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão nas temáticas de “Alimentação Saudável e Sustentável” e “Geração Depositrão”. 

As bandeiras verdes foram entregues à Escola Superior de Educação (Viana do Castelo), Escola Superior Agrária (Ponte de Lima), Escola Superior de Tecnologia e Gestão (Viana do Castelo), Escola Superior de Saúde (Viana do Castelo) e Escola Superior de Ciências Empresariais (Valença).

Ana Catarina Ferreira, aluna do primeiro ano do curso de Licenciatura em Engenharia Alimentar, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, venceu o desafio “Na minha casa não desperdiçamos”, na categoria de Alimentação Saudável e Sustentável promovido no âmbito do projeto Eco Escolas, da Associação Bandeira Azul da Europa. Numa outra categoria, a da Geração Depositrão, o projeto apresentado a concurso por João Mirra, do curso de Licenciatura em Engenharia da Computação Gráfica e Multimédia do IPVC, conquistou igualmente o primeiro lugar. 

“Na minha casa não desperdiçamos”

O primeiro lugar deixou ainda mais motivada Ana Catarina Ferreira. A estudante de 21 anos, natural de Barcelos, desenvolveu uma receita com desperdícios alimentares, envolveu toda a família e o resultado, diz, foi surpreendente.  Criou uma quiche de cascas e mostrou que há muita coisa que pode ter efetivamente uma segunda vida. “Eu sempre gostei de fazer quiches e de reaproveitar, mas nunca pensei em fazer uma de cascas. Lá em casa também estranharam, mas depois de pronta, gostaram e até repetiram. Estamos literalmente a comer cascas, mas transformadas, muitas delas em farinhas”, começou por contar Ana Catarina Ferreira.

Numa altura em que o custo de vida sofre alterações profundas, esta estudante de Barcelos vê grandes vantagens neste género de projetos e deixa mesmo o desafio às grandes empresas alimentares: “Com os preços a subirem bastante, esta pode ser uma boa solução, porque reaproveitamos mesmo tudo. E como nós conseguimos, as grandes empresas alimentares também podem começar a investir efetivamente nesta matéria e ajudar as famílias”.

Desafiante foi também a receita feita pelas gémeas Vânia e Lara Martins, de 21 anos, naturais de Braga e colegas de turma de Ana Catarina Ferreira. Desenvolveram uma tortilha de desperdícios e conquistaram adeptos em casa. “Na verdade, o que fizemos foi olhar mais atentamente para os desperdícios e reaproveitar praticamente tudo. Percebemos que esta é uma boa abordagem e uma ótima solução quando o tema é reutilização e reaproveitamentos. Conseguimos receitas simples, saborosas, ricas e com os nutrientes mais importantes”, descreveu Lara Martins.

Ao longo de três dias, as alunas contabilizaram e pesaram todo o desperdício alimentar nas suas casas, feito durante a confeção e após as refeições. “Depois, o desafio foi o de usar a imaginação e procurar reutilizar esses alimentos, normalmente descartados e colocados rapidamente no lixo. As sobras, como cascas, caules, folhas, mas também arroz, carne ou batatas, deram origem a sugestões criativas e saborosas”, explicam.

Estudantes tinham já participado no projeto “Açúcar ao Lanche”

No âmbito do projeto Eco Escolas, estas alunas tinham já participado no desafio do “Açúcar ao Lanche”, com o objetivo de recolher informação relativa aos alimentos consumidos pelos estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo. Através da realização de um inquérito, perceberam que o croissant era um dos alimentos mais ingeridos pelos colegas. “No final do inquérito, fizemos uma exposição com os alimentos mais consumidos e as gramas de açúcar que cada um contém. As reações foram de muita admiração, porque há quem coma um croissant todos os dias e não tivesse noção da quantidade de açúcar que ele tem. E se juntarmos ao croissant um sumo, então o nível de açúcar num simples lanche pode ultrapassar a dose diária recomendada”. Os projetos foram acompanhados pela docente Rita Pinheiro, coordenadora do curso de licenciatura em Engenharia Alimentar.

Depositrão dá mais um pódio ao IPVC 

A cerimónia distinguiu ainda o projecto de João Mirra, na categoria “Geração Depositrão”. Natural de Vila Nova de Famalicão e aluno do terceiro ano do curso de Licenciatura em Engenharia da Computação Gráfica e Multimédia do IPVC, João apresentou-se a concurso com um vídeo didático dirigido aos mais novos. Uma mensagem vinda do futuro para alertar e sensibilizar para a necessidade da reciclagem. “Há um personagem, o capitão ERP, que tinha sido em tempos líder da equipa REEE, uma equipa que garantia a reciclagem de resíduos elétricos. O Depositrão tratava de pequenos equipamentos elétricos tais como telemóveis, torradeiras e computadores. A vapores transformava todos os eletrodomésticos pequenos que já não eram usados em novos eletrodomésticos. E o Traga Pilhas alimentava-se de todas as pilhas usadas que conseguia encontrar. No entanto a missão da equipa REEE de manter o mundo livre de lixo eletrónico falhou”, explica João Mirra.

Para travar a poluição, revela o estudante finalista, “o capitão já reformado, em 2030, teve uma ideia, uma última esperança para salvar o mundo. Tinha de enviar uma mensagem para o passado a alertar as pessoas daquilo que se passava”. E assim, revela João Mirra, “o capitão usando uma máquina do tempo envia uma mensagem para o ano de 2022, com a indicação de que o tempo está a esgotar-se, mas que ainda vamos a tempo de ajudar a salvar o mundo. Um pequeno gesto como depositar pilhas usadas nos recipientes identificados ou entregar equipamentos elétricos em postos de recolha fazem a diferença. Mais do que uma obrigação, a reciclagem é uma necessidade”. Uma mensagem forte, num vídeo criado com a orientação do docente Nuno Ribeiro, que conquistou o júri.

João Mirra mostra-se satisfeito com a conquista e revela que foi desde logo assumido que ao fazer algo teria que “trazer algo útil e didático”.