Bispo de Viana pede que se cultive um “coração recto” para haver “limpidez” na sociedade

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O bispo de Viana do Castelo que também é presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais defendeu que a sociedade só estará livre de polémicas, seja na política, seja na própria Igreja, se houver, em cada cidadão, um “sentido de fundamentação ética”.

Instado, no final de uma sessão destinada a apresentar a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a comentar os casos de corrupção e tráfico de influências que envolvem políticos, João Lavrador pediu que se cultive “um coração recto” e “uma consciência recta” para que haja “limpidez” na sociedade.

“Deus queira que sim, que cheguemos a um momento em que, desde governantes até aos cidadãos, todos nós tenhamos uma convivência com uma limpidez em que nenhum destes casos, desde abusos sexuais até essas manobras, artifícios, ou o que seja, a nível económico, desapareçam”, afirmou.

Para João Lavrador, por “muito que se queira fazer exteriormente para controlar”, para “exigir limpidez, num sentido de honestidade” – e “tudo isso é válido” – se não há “uma estrutura interior de alguém que, no fundo, se sinta responsabilizado por uma vida íntegra em todos os aspetos, não é fácil, porque é sempre possível fazer manobras, é possível sempre distorcer, é sempre possível encontrar artifícios para esconder uma verdade”.

“Portanto, nós temos é de cultivar um coração reto, uma consciência reta”, insistiu.

O bispo de Viana do Castelo falava aos jornalistas no final de uma sessão de apresentação da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra em 21 de maio, sob o tema “Falar com o coração: Sendo verdadeiros no amor”, realizada na diocese de Santarém, no dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas e dos escritores.

Para o responsável da Comunicação Social da igreja católica portuguesa, a mensagem do Papa apela a uma comunicação com afabilidade, “como ponte e não como muro”, com palavras “despojadas de uma psicose da guerra”, que saiba “ir contra a corrente”, no sentido do “desarmamento global”.

João Lavrador sintetizou a mensagem, marcada pela preocupação com a guerra e com a falta de esperança, no apelo a que a comunicação se faça “cordialmente”, “coração a coração”, com “capacidade de escuta e sintonia com os outros” e “promovendo uma linguagem de paz”.

“Todos nós, no fundo, reconhecemos que nada existe fora do homem que não esteja primeiro dentro do homem. E, portanto, a guerra não é uma realidade pura e simplesmente exterior. Ela começa precisamente no interior de cada pessoa”, salientou.

Frisando que “a paz não é a ausência de armas”, João Lavrador afirmou que ela tem de “nascer no coração de cada um”.

“Depois, a partir daí, sim, então as armas já não são necessárias”, disse, salientando na mensagem do Papa o apelo a um “coração inteligente, capaz de dialogar, respeitar e encontrar soluções no diálogo entre uns e outros, para os problemas que estão sempre a vir a nível do contacto uns com os outros, mas sobretudo a nível daquilo que são os governos que necessitam realmente de um diálogo permanente e baseado no respeito mútuo”.