Projecto Farol “oleou” parcerias para melhorar resposta a vítimas de violência doméstica 

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O Gabinete de Atendimento à Família (GAF) divulgou o guia de procedimentos da Rede Intermunicipal de Intervenção na Violência Doméstica, no encerramento do projecto Farol, que começou em 2020 e permitiu consolidar as respostas de várias entidades às vítimas de violência doméstica. No total, o projecto alcançou mais de 200 participantes da rede de parceiros e cerca de 60 mil alunos do distrito.
O projecto Farol teve a duração de 36 meses e foi financiado com o objectivo de reforçar a intervenção do Núcleo de Atendimento da Vítimas de Violência Doméstica, resposta que o GAF já tem desde 2007. O projeto contemplou a realização de 12 workshops com os intervenientes das organizações da administração pública, que mais diretamente atuam com as vítimas, o reforço do apoio psicológico, social e jurídico atualmente prestado e o alargamento da modalidade de intervenção psicológica, realizando-se grupos de ajuda mútua para mulheres vítimas de violência doméstica. Além de permitir dar uma resposta mais qualificada e efetiva de apoio e proteção às vítimas por parte dos intervenientes da rede local (profissionais da saúde, justiça, orgãos de polícia criminal, ISS), através do Farol, foi também possível chegar a um universo de cerca de 60 mil alunos do distrito, no âmbito de ações de sensibilização, ao longo dos três anos. “No fundo, este projecto permitiu a capacitação dos profissionais que lidam directamente com as vítimas e a sistematização de um guia de procedimentos, que permite a cada parceiro saber o que pode e deve fazer”, explicitou Leandra Rodrigues, coordenadora do GAF, salientando a mais valia deste projecto pela aproximação das relações entre parceiros da rede. “O facto de se terem estreitado as relações de parceira permite que o trabalho hoje seja diário, directo, fluído, sem grandes burocracias”, reiterou.
Leandra Rodrigues frisou ainda que o encerramento do projeto não significa que “o farol vai ficar sem luz”, até porque, há indicação de que haverá financiamento para dar continuidade ao trabalho. “Apesar de não sabermos concretamente que luz teremos em julho, parece que vai continuar a haver luz em termos de financiamento. A indicação que temos é que o novo quadro comunitário prevê linhas de financiamento para o reforço das estruturas de atendimento, por isso, teremos um Farol 2.0 com uma luz de outra cor”, indicou. Em 2022, o GAF prestou apoio a cerca de 300 pessoas vítimas de violência doméstica.
A saúde mental foi o tema das XXIX Jornadas do GAF que reuniram vários especialistas para falar do assunto numa perspetiva abrangente. As jornadas, cujo tema foi “Doença mental: Não sejas quadrado, (des)constrói …é normal”, incluíram ainda um curso prático sobre “primeiros socorros em saúde mental – atender ao que não é dito”. “O nosso objectivo foi alertar e sensibilizar para as questões da saúde mental, numa abordagem positiva do tema, ou seja, apesar de terem sido tratadas questões relacionadas directamente com a doença, o que se pretendeu foi promover a saúde e desmistificar o tema e preconceitos associados”, explicou a coordenadora do GAF, traçando um balanço positivo das jornadas. “Conseguimos abranger diferentes facetas desta questão, através da intervenção de diferentes profissionais porque tivemos clínicos de psiquiatria, abordamos os consumos e dependências, o mercado de trabalho e o burnout, ou seja, abordamos a saúde mental em todas as esferas de vida do indivíduo”, explicou.