“Há quem jogue à bola, mas o GD Vitorino de Piães jogou futebol”

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O Vitorino de Piães voltou a fazer mais uma fantástica temporada e desta vez somou um inédito terceiro lugar na classificação, dando um maior brilho ao desempenho da equipa limiana. O treinador, Sérgio Pereira, define a mística do clube como uma mistura entre a amizade e a qualidade do plantel, demarcando-se do rótulo do Piães ser uma equipa que “tem um campo pequeno e dá porrada”. 
Na estreia ao leme do emblema de Vitorino de Piães, Sérgio Pereira afirmou que o balanço final da época “ultrapassou as expectativas”. “Até para mim que sou um treinador ambicioso. Mas incuti na equipa vontade em ganhar todos os jogos, incluindo aos clubes históricos. Não tivemos lutas internas e isso ajudou a que as coisas acontecessem naturalmente. O Piães andou a testar os limites durante os últimos anos e esta época superou esses limites. Muita gente não tem noção do que a equipa fez esta temporada. A estrutura está montada há vários anos, mas esta época mudamos um bocado o chip e isso resultou, com muito rigor e exigência em todos os treinos. Essa foi a chave do sucesso”, apontou.
O técnico destacou o facto de confiar em todos os jogadores do plantel. “Dos 23 jogadores só um, o guarda redes, não foi titular, de resto todos jogaram a titular e era difícil saber quem eram os titulares. Mesmo com poucos recursos económicos, os atletas foram os verdadeiros obreiros deste campeonato, desde a sétima jornada, sempre em terceiro lugar. Em dezembro, não reforçamos a equipa porque acreditava neste grupo. Fomos uma equipa com muita vontade de somar pontos em todos os jogos. Na segunda volta, as equipas já olhavam para o Piães com outros olhos, mas mesmo assim conseguimos ser competitivos e manter o terceiro lugar”, sublinhou.
O Vitorino de Piães é apontado como uma equipa muito forte em casa, mas esta temporada conseguiram melhores resultados fora de portas. “Só tivemos uma derrota fora de casa e com o último classificado. Sofremos cinco derrotas e quatro foram em casa. Isto serve para dizer que atualmente o factor casa, campo pequeno, não é favorável para a nossa forma de jogar. A ideia que as pessoas tem do Piães ser forte em casa está errada, o Limianos teve duas derrotas fora de casa e o Piães apenas uma. Apresentamos boa qualidade de jogo, principalmente fora, porque em casa tivemos mais dificuldades em jogar bom futebol e a construir de trás, mas nunca abdicamos disso e tentamos jogar sempre da mesma forma. Há quem jogue à bola, mas o Piães jogou futebol e os jogadores divertiam-se a fazer isso”, frisou.
Sérgio Pereira explicou a mística que existe no Vitorino de Piães. “A mística é ter um grupo unido, com grande parte dos jogadores da terra ou das redondezas, que têm uma amizade muito grande no futebol e fora do futebol. Todas as sextas-feiras fazem jantar e vão quase todos, não posso colocar regras nisso porque sei que ao domingo eles dão tudo para ganhar. Essa é a mística, depois são as ideias do treinador, que, se forem aceites pelos jogadores, as coisas correm melhor, como aconteceu esta temporada. De salientar que o bom arranque no campeonato também contribuiu para os jogadores acreditarem na proposta de jogo e pensarem em grande. Esta época deixamos bem claro que a mística não é ter um campo pequeno e dar porrada, a mística do Piães é sobretudo a amizade e também a qualidade que existe no plantel. Ao longo da temporada fizemos exibições brutais, foram várias e não seria justo falar apenas de uma. Era capaz de fazer três ou quatro alterações e a equipa mantinha o mesmo rendimento. São atletas que nunca desistem, uns com umas qualidades e outros com outras, mas eram essas diferenças que davam qualidade à equipa”, sustentou.
Na sua perspetiva o campeonato foi “super competitivo”, mas com duas equipas “bem acima” de todas as outras. “Em dezembro, algumas pessoas pensavam que podíamos fazer algo mais, mas já estávamos no nosso melhor. Com exceção de Limianos e Atlético de outro nível, o campeonato foi competitivo e tinha equipas muito fortes, capazes de tirar pontos umas às outras. O que fizemos foi histórico e espero que não seja a última vez, esta equipa foi a primeira a conseguir e tem de ficar com esse mérito. Os sócios e adeptos que venham apoiar esta equipa, eles merecem e gostam de contar com o vosso apoio nos jogos”, vincou o  técnico que vai cumprir a segunda época no Vitorino de Piães, agora com outros desafios. “A minha continuidade já estava definida há dois meses e já estou a trabalhar para ver o que podemos acrescentar a esta equipa. Estamos no limite, com o elástico bem esticado, mas vamos continuar a sonhar e sempre muito motivados para fazer mais e melhor. Temos consciência que agora todas as equipas vão olhar de forma diferente para o Piães, como a equipa que ficou na terceira posição, mas será uma boa experiência para os rapazes e o devido reconhecimento do seu valor”, assinalou.