“Não é fácil haver meninas a querer jogar futebol…”

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A festa do futebol distrital de Viana do Castelo consagrou todas as equipas campeãs esta época. O estádio Lourenço Raimundo, em Valença, foi o palco para a festa que medalhou centenas de jogadores. 

Sob a alçada de Miguel Abreu, médio dos seniores do Vianense e um dos responsável pela subida à Liga 3, as jogadoras sub19 do Vianense conseguiram o titulo distrital no seu escalão. “Acompanhei somente a parte final da equipa. Elas mostraram sempre interesse no trabalho. Foram empenhadas e conseguimos o nosso principal objectivo. Eu já trabalhava com a formação antes de chegar ao Vianense. Sempre gostei de ensinar e quero ser treinador no futuro”, avançou o talentoso médio do Vianense, que ainda não sabe se vai continuar a jogar na formação de Viana do Castelo. 

“Esforço e compromisso” das sub-19 do Vianense

Valéria Brito, sobrinha de Rogério Brito, é uma das jogadoras da equipa campeã e, apesar da satisfação pela conquista, reconheceu que não é fácil ser treinador de uma equipa feminina. “Gostamos muito do nosso treinador, mas assumimos que é difícil treinar uma equipa feminina”, registou sorridente, justificando: “Estamos mais tempo no balneário e também temos o nosso temperamento.”

“Mas estamos muito contentes pela conquista. Esforçamo-nos muito e tivemos o compromisso que nos levou a esta vitória”, completou. Já Inês Ferreira reconhece que jogar futebol é um “desafio” para as jovens com a sua idade. “Não é fácil haver meninas a querer jogar futebol porque é uma idade em que muitas vão para a universidade. E por tudo isso é um desafio para quem cá está”, anuiu a jovem campeã do Vianense.

A equipa feminina do Vila Fria, que se sagrou campeã distrital em sub13, não foi à festa do futebol distrital devido à sua participação na Taça Nacional. As meninas do Vila Fria, treinadas por Cirilo Ferreira, bateram a EFF Guarda (3-0), com golos de Beatriz Parente, Beatriz Baeta e Carolina Silva e apuravam-se para a próxima fase da competição. 

“Muito trabalho e inteligência” das sub-17 do Cerveira

Na categoria sub17, a equipa feminina do Cerveira sagrou-se campeã distrital. Rui Luis, treinador da equipa, revelou “muito trabalho e inteligência” das jogadoras na conquista do campeonato. “Foi uma época de muito trabalho. Algumas nunca tinham jogado à bola e tivemos que aumentar o número de treinos durante a semana. Mas elas são muito inteligentes e perceberam o que eu queria. Daí até este sucesso foi um pequeno passo”, registou. “Fomos campeões distritais e ficamos em terceiro no campeonato inter-distrital, à frente de Gil Vicente e Forjães, que competem há mais anos, mas a dedicação e a qualidade delas vão certamente garantir um crescimento perfeito no próximo ano, jogando nos sub 17 e sub 19”, afiançou o treinador. Rita Castro, natural de Lanhelas, é uma das capitãs e começou a jogar há três anos. “É um orgulho enorme para todas nós termos sido campeãs. Foi a minha primeira taça e é um marco importante para todas nós”, garantiu a jovem.

“Trajecto interessante” das sub-15 do Limianos

A equipa feminina sub15 do Limianos sagrou-se campeã distrital 2022/23. Para o treinador João Cunha esta temporada teve “um trajecto interessante”. “O grupo começou com 12/13 atletas e foi crescendo ao longo do tempo. Foi o grupo mais dedicado que tive e que trabalhou de forma “pesada”. Mereceu, por tudo isso, este titulo e esta distinção”, considerou o treinador da equipa, que continua ainda em fase de competição. “Estamos a competir na Taça Nacional e, só no próximo fim-de-semana, teremos o último jogo ainda com adversário a definir”, esclareceu. “Vamos manter este trabalho, acrescentar mais atletas e voltar a conseguir novas metas”, traçou o treinador campeão com a formação feminina sub15 do Limianos. Uma das jogadoras do plantel é Raquel Coutinho, que joga há vários anos e é uma das habituais representantes da seleção de Viana do Castelo. “No início, comecei a jogar com os rapazes, mas gosto mais de jogar com as raparigas. É diferente e eu prefiro assim”, disse. “Nunca tinha sido campeã, mas sê-lo pela equipa feminina ainda é melhor. Quero continuar a jogar no Limianos porque temos um grupo muito unido”, revelou a atleta de 14 anos.

Emanuel Rocha despediu-se do apito

O jogo da Taça dos Campeões do Minho, entre Limianos e Ribeirão, marcou o final da carreira do árbitro Emanuel Rocha. Aos 41 anos, o árbitro, que apitou “milhares de jogos”, garante que sai sem inimigos e considerou que as amizades são o melhor que o futebol lhe deu. 

“Levo as amizades de jogadores e directores. Não tenho nenhum inimigo. O que fica é o convívio e a amizade que angariei nestes anos todos”, disse Emanuel Rocha, que abandona o apito “por opção”, devido a “um conjunto de factores”, incluindo o facto de não poder acompanhar o seu colega Márcio Torres, que ascendeu à II Liga. “São muitos anos disto… a família ficou sempre a perder nestes domingos e sábados e é altura de os compensar”, justificou, apontando a subida aos quadros nacionais como um dos seus melhores momentos na arbitragem. “Tirei o curso em novembro de 1997, com 17 anos, e na altura era tudo muito diferente do que é hoje. Todos, agora, têm condições impensáveis há 25 anos”, reconheceu o agora ex-árbitro, emocionado com a homenagem que lhe foi prestada, após o último jogo da carreira.