Ambientalistas querem manter o lobo afastado da mira da União Europeia

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Sete associações ambientalistas portuguesas manifestaram-se preocupadas com a possibilidade de revisão do estatuto de proteção do lobo e contestaram o “tom negativo” de declarações recentes da Comissão Europeia, afirmando que não têm base científica.

A Comissão Europeia alertou na semana passada para o “perigo real” para o gado e seres humanos do regresso de alcateias de lobos a zonas da União Europeia de onde estavam ausentes, admitindo a necessidade de apresentar uma nova proposta sobre o estatuto de proteção do lobo e atualizar o quadro legal.

“Este tom negativo e sem fundamentação científica corre o risco de vilipendiar uma espécie que desempenha uma função ecológica crucial, podendo, inclusivamente, resultar em ações de retaliação que põem em perigo o bem-estar animal e o estado de conservação do lobo na União Europeia”, sublinhou Catarina Grilo, da Coligação C7.

Em reação à posição da Comissão Europeia, a coligação, que junta sete organizações não-governamentais de defesa do ambiente, manifestou “profunda preocupação”, por considerar que apontam “uma potencial vontade política de diminuir o estatuto de proteção desta espécie”.

Atualmente, os lobos e outros grandes carnívoros são espécies protegidas na União Europeia, ao abrigo da Diretiva Habitats e da Convenção de Berna. No entanto, e apesar de as populações de lobos terem estabilizado, o lobo encontra-se ainda num estado de conservação desfavorável-inadequado em seis das sete regiões biogeográficas.

“O foco da Comissão Europeia e dos Estados membros deverá ser o de procurar mais rigor nas estratégias de mitigação para alcançar uma melhor coexistência com os grandes carnívoros que ainda restam na Europa e implementar medidas para compensar prontamente os agricultores pelas suas perdas”, refere o comunicado.

Por outro lado, as organizações contestam também o alerta da Comissão Europeia, que dizem não ter base científica, argumentando que “a comunidade científica considera que a presença do lobo na Europa não é perigosa para os seres humanos” e que não existem quaisquer provas de que “as alcateias de lobos no continente se tenham tornado perigosas para o gado nem para as pessoas”.

Sublinhando o papel dos lobos na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, as associações escrevem ainda que a Comissão Europeia deveria, por isso, dar o exemplo e ser responsável, demonstrando o seu esforço para proteger o património natural da Europa com base em informação científica, ao invés de retroceder na conservação das espécies com base em interesses políticos”.