“Quero promover uma cultura de paz e de tolerância nas escolas de Valença”

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Ajudar alunos, professores e encarregados de educação a resolver conflitos é o propósito da jovem advogada Joana Sampaio, que está desde o ano passado disponível para ajudar toda a comunidade no Agrupamento de Escolas Muralhas do Minho, em Valença. A diretora do agrupamento, Olinda Sousa, revelou que o projeto está a ser “benéfico” e garantiu que e tem havido uma “diminuição de conflitos” em contexto escolar.

Joana Sampaio é natural de Vila Praia de Âncora, tem 27 anos e é uma jovem advogada, e pós-graduada em meios de resolução alternativa, que viu na escola de Valença uma oportunidade para criar um projeto dedicado à mediação de conflitos. “Olhei para os agrupamentos que estavam perto da minha localidade e, dada a violência que tem havido neste agrupamento em específico, vi a oportunidade de criar um projeto sólido que pudesse atender a estas necessidades”, disse, revelando qual foi o seu ponto de partida. “Comecei por fazer um levantamento de necessidades e dificuldades, através de um inquérito feito aos docentes e aos assistentes operacionais. Esse inquérito tinha como principal objetivo avaliar a gestão de conflitos que era realizada na escola, para perceber onde é que tinha de focar a minha atenção”, explicou, notando que o inquérito foi “produtivo” e “permitiu ter uma visão geral dos problemas da escola”.

Ao mesmo tempo que realizou os inquéritos, Joana Sampaio promoveu uma “campanha de sensibilização”. “Consegui fazer 102 sessões de sensibilização em 32 turmas e, surpreendentemente, os alunos aderiram e gostaram do tema. Alguns até mostraram logo interesse em ser alunos mediadores e, entretanto, comecei a ter muitas mediações marcadas, quer vindas dos alunos, quer vindas do incentivo dos próprios docentes”, adiantou, contando que os alunos do oitavo ano “foram os que mais aderiram”. “Cinco desses alunos até quiseram ser mediadores. Então, tive que proporcionar-lhes um momento, todas as semanas, para falarmos sobre o tema e, no final do ano, fizemos uma simulação de uma mediação de conflitos, que depois foi apresentada a todas as turmas da escola. Esse conflito tinha por base o ciúme na amizade, que é um problema muito comum nas escolas”, disse, acrescentando que a simulação teve “muita adesão” e que os alunos mediadores se portaram “cinco estrelas”. “Esses alunos este ano já me pediram para criar a Escola de Mediadores e eu já criei. No fundo, é um clube de mediadores que tem como objetivo desenvolver com eles técnicas de negociação e comunicação e, no final do ano, tenho previsto levá-los a um julgado de paz, que é um tribunal em que atua um juiz de paz, e o objetivo é mesmo incentivá-los ao máximo para também atuarem como alunos mediadores nos seus grupos. Além disso, também pretendo levá-los ao primeiro ciclo, para darem o exemplo aos mais novos”, referiu.

O projecto superou as expectativas de Joana Sampaio e a comunidade escolar , gradualmente, começou a apoiar-se no seu gabinete e até já chegou a fazer mediação entre uma assistente operacional e um aluno. “Normalmente, numa primeira sessão apresenta-se o conflito, depois há uma sessão individual com cada pessoa e depois uma outra em que voltamos a reunir as duas partes para negociar”, detalhou.

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