“Autarquias são muitas vezes chantageadas por parte do Estado central”

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Ricardo Rio defendeu um modelo de descentralização eficaz que “permita uma gestão mais eficiente dos recursos públicos, uma maior capacidade de resposta dos organismos da administração pública, a promoção de um desenvolvimento integrado do país e a implementação de políticas de coesão territorial”. O autarca, que participou nas primeiras Jornadas do Direito Administrativo, em Fafe, criticou o modelo de relação “desleal entre o estado central e as autarquias locais, assumindo mesmo que as autarquias locais são muitas vezes como que chantageadas por parte do Estado central, que usa recursos locais para a execução dos seus projectos e recursos”.

A necessidade de descentralização na tomada de decisões relativamente à aplicação dos fundos europeus foi outro tema abordado por Ricardo Rio, que destacou a desigualdade na distribuição dos investimentos. “Somos defensores de uma estrutura de gestão o mais descentralizada possível do ponto de vista territorial. As escolhas na alocação dos recursos devem estar próximas dos seus principais destinatários, contrariando o que tem acontecido”, afirmou.

De acordo com Ricardo Rio, os processos de descentralização que estão a ser desenvolvidos assemelham-se a um ‘presente envenenado’. “O que verificamos é que não há endosso do poder de decisão, mas apenas das competências administrativas ou operacionais e, dentro dessa versão, há ainda o vício de os recursos transferidos não corresponderem ao custo real dessas necessidades administrativas ou operacionais”.