“Vianense SAD não está a convencer as instituições da cidade”

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Carlos Amaral saiu há dois anos de Viseu para assumir a pasta financeira do novo projecto da SAD do Vianense. Depois do sucesso desportivo da primeira época, com a subida de divisão e a final disputada no Estádio do Jamor, o gestor saiu em julho por “falta de garantias”, mas regressou dois meses depois já como líder do projecto, depois da surpreendente saída do então CEO, Nuno Azevedo Cardoso. Numa altura em que a equipa muda de treinador pela terceira vez na época, Carlos Amaral falou do passado, assume o falhanço com Ricardo Duarte e está confiante na aposta na “prata da casa” para garantir a permanência da equipa na Liga3. Mas deixou um alerta: se a equipa garantir a manutenção, pode não conseguir ser inscrita por falta de infra-estruturas.

“Quando cheguei ao Vianense, a equipa de gestores da SAD desconhecia a tradição, envolvência, história e as pessoas da cidade. Estivemos um ano a conhecer tudo isso”, começou por dizer Carlos Amaral, de 58 anos, que encontrou na falta de infra-estruturas desportivas na cidade o seu primeiro problema. 

Carlos Amaral afirma que a SAD está empenhada em ser solução para poder investir ainda mais no Vianense. “No dia em que a SAD, o clube e a Câmara de Viana do Castelo estabelecerem um plano bem estruturado e com abertura total sobre o que cada um pode ou não fazer para que este problema seja solucionado, o nosso investimento será maior. Disso não tenho dúvida”, afirmou. Até isso acontecer, reitera que as dúvidas não deixam evoluir. “Como é que eu posso apresentar um plano ao investidor, para subirmos, eventualmente, à II Liga, se não temos um relvado só para nós jogarmos, num recinto com iluminação apropriada, com 3500 lugares sentados e com segurança para todos os adeptos? Ele vai-me perguntar quando é que isso vai acontecer… E há um limite de tempo. E nem eu nem o Gary Raulino sabemos qual é esse limite. Mas se nos disserem, olhos nos olhos, que a cidade não tem capacidade ou vontade, ou não quer ter um clube pelo menos na II Liga, pegamos na licença e vamos embora”, alertou o dirigente da SAD, elogiando a intervenção do investidor neste ano e meio de investimento. 

“Uma equipa na I Liga implica logo um maior desenvolvimento regional, uma atracção de investidores pelo turismo. Viana do Castelo está muito melhor posicionada do que Arouca, Vizela ou Famalicão. E essas cidades tiveram um crescimento enorme a partir daí. Além disso, pergunto se os adeptos do Vianense não têm orgulho de ter o clube na Liga 3. Agora imaginem se o Vianense chegasse à I Liga”, questionou. “Tivemos milhares de pessoas no Jamor. Algumas, eu sei, nem gostam de futebol e foram lá. Imaginem o orgulho de recebermos aqui as equipas grandes”, insistiu Carlos Amaral, visiense de nascimento, que se tornou cidadão do mundo e agora considera-se vianense de coração. 

Sobre os adeptos do clube, que têm sido cada vez mais interventivos na dia a dia do clube, Carlos Amaral percebe e justifica a paixão. “Como em todo o lado, se ganhas dois jogos és um herói, se perdes dois jogos seguidos passas a ser bandido, capitalista…”, atirou, sorridente, vincando a linha vermelha que não aceita. “Os adeptos têm todo o direito de se manifestar, ganhando ou perdendo. Houve, esta época, duas ou três vagas de contestação junto dos jogadores e directores – por exemplo mensagens deixadas em carros de elementos da SAD, entre outras coisas – e o que eles sentiam eu também estava a sentir. Têm o direito de fazer isso? Sim! Mas sem ofensas pessoais. Isso não é aceitável. Deixa de ser sociedade e passa a ser algo das cavernas, mas felizmente não temos muitos casos desses que extrapolam para lá do que é razoável”, concluiu.

LEIA A ENTREVISTA NA EDIÇÃO DESTA SEMANA DO “ALTO MINHO”