Nunca mais é Sábado

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Fernando Pereira, Costa # Opinião

O jornal “Alto Minho” é transparente, independente e pertence desde 28 de Julho de 1995 à mesma empresa (Minius Publicação Lda – NIF: 503473456). O administrador da empresa e director do jornal (conforme legamente previsto) é o mesmo desde a fundação. O jornal nunca falhou a periodicidade definida perante os leitores e a empresa sempre teve a sua situação fiscal e contributiva regularizada, cumprindo com todos os fornecedores e dezenas de trabalhadores que tanto têm contribuído para este projecto fantástico e, permitam-me a imodéstia, único no país, para mais, numa região onde, por vezes, pontificam alguns ignorantes, uns poucos preguiçosos e muitos falaciosos (a começar por alguns autarcas e acabando em auto-intitulados jornalistas).

Nos últimos tempos, uns investigadores de ocasião descobriram a pólvora, depois de umas dezenas de anos (enquanto recebiam publicidade em montantes por todos desconhecidos das autarquias que agora criticam por lançarem concursos públicos) sem lhe sentirem o cheiro. É verdade que esta empresa tem celebrado alguns contratos publicitários com autarquias da região, tal como o incorruptível Correio da Manhã+Sábado e o imprescindível Jornal de Notícias+Evasões (que sabem tirar melhor partido da parolice dos autarcas, sempre fascinados com jornais nacionais e com os pindéricos programas televisivos) e outros jornais concelhios como até há uns tempos o  Jornal de Barcelos e o Cardeal Saraiva, entre outros. 

Ao mencionar estes títulos não pretendo denunciar alguma ilegalidade, falta de isenção ou amesquinhá-los. Quem me conhece sabe que dou tudo pelos jornais e sou o primeiro a dizer que fazem falta aos seus concelhos e, já agora, em Portugal, os jornais regionais são muito melhores do que os pomposos jornais nacionais. Se dependesse de mim, jamais veriam a sua publicação suspensa.

No entanto, estes dois jornais acabam por coincidir nesta triste história que os seus históricos directores (Paulo Vila e Avelino Castro) insistem em contar, procurando atingir o jornal “Alto Minho” com a lama da sua frustração. 

Curiosamente, o Jornal de Barcelos cessou a publicação após a Câmara de Barcelos ter mudado de liderança partidária. O seu ex-director passou para a Sábado e a primeira notícia que assina é sobre os “ajustes directos” de uma câmara vizinha com outros jornais (e nem se deu ao trabalho de ser rigoroso, metendo no mesmo saco ajustes directos e concursos públicos, rádios, jornais e assessorias, baralhando nomes e empresas, além de não ter ouvido os visados pela notícia, que objectivamente não aponta alguma ilegalidade ao “Alto Minho”). 

O centenário “Cardeal Saraiva”, que ninguém viu nas bancas entre 2018 e 2021, motivou Avelino Castro a dirigir-se à Assembleia Municipal de Ponte de Lima, precisamente (num) Sábado. Fez bem! Denunciou uma Câmara indiferente, que não responde às propostas e aos pedidos de contacto e entrevista (já agora, tal como outras). Depois, como pode acontecer a quem tanto imprime, só fez borrada! 

Poderia ter explicado porque interrompeu a publicação do seu jornal, desiludindo tantos limianos, mas optou por focar-se no “Alto Minho”, que sai para as bancas ininterruptamente há 27 anos, cumpre as suas obrigações fiscais e contributivas, não defrauda assinantes, anunciantes e fornecedores e emprega nove pessoas, com contratos de trabalho sem termo e a tempo inteiro.

Uma das razões para os problemas do “Cardeal Saraiva” poderá mesmo ser o facto do seu director-administrador não saber fazer contas: é que esta empresa não somou meio milhão de euros com os concursos públicos da Câmara de Ponte de Lima!

Mesmo assim, Avelino Castro perdeu uma boa oportunidade de dar uma lição aos autarcas, aos que não pagam as assinaturas dos jornais e ao próprio executivo. A sua ideia de fazer um Museu da Imprensa é boa e muito melhor do que tantas foleirices que a Câmara de Ponte de Lima tem apoiado e lançado ao longo dos anos e podia ter-me convidado a acompanhá-lo. Juntos poderíamos explicar melhor aos autarcas (e aos seus geniais conselheiros) os custos da impressão, do papel e dos postos de trabalho. É que esses milhares de euros que incomodam Avelino Castro e Vasco Ferraz não estão no meus bolsos ou no Dubai! 

PS – Se alguma câmara acolher esta ideia, estou disponível gratuitamente para seminários, congressos, palestras, jornadas, colóquios, debates, workshops, think-thank (com verde de honra e coffee-break, claro). Não precisam de gastar milhares de euros com nomes sonantes!