Ponte de Lima com apoio psicológico para jovens vítimas de violência doméstica

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As crianças e jovens vítimas de violência doméstica já têm ao dispor, em Ponte de Lima, um apoio especializado garantido pelo projeto RAP – Resposta de Apoio Psicológico, financiado por fundos comunitários.

A Câmara de Ponte de Lima adiantou que a resposta, instalada num espaço cedido pela Junta de Freguesia de Arca, tem uma duração prevista de 21 meses e é financiada pelo Portugal 2020 – POISE (Programa Operacional Inclusão Social e Emprego). O Gabinete de Atendimento à Família (GAF) é a entidade responsável por aquela resposta nos concelhos de Viana do Castelo e Ponte de Lima, através do seu Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica.

Segundo a autarquia, “o concelho passa a dispor de um serviço de apoio psicológico e psicoterapêutico dirigido a crianças e jovens, recorrendo a metodologias de intervenção individual e em grupo baseadas em abordagens especializadas, como as abordagens psicoterapêuticas focadas no trauma”. Para o Município e para a Junta de Freguesia de Arca, trata-se de “uma mais-valia para o público a que se destina, tendo em conta a vulnerabilidade e necessidades específicas das vítimas de violência doméstica, já que o impacto nas crianças e jovens assume uma expressão que requer uma intervenção mais atenta”.

Anteriormente, a psicóloga Mónica Gonçalves, do GAF, explicou que aquela estrutura integra a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) e trabalha “em estreita articulação com outras entidades com intervenção quer na violência doméstica quer na infância e juventude”. O projeto é desenvolvido em parceira com a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), Ministério Público, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP), agrupamentos escolares, responsáveis pelo encaminhamento dos casos. “O GAF há muito que dá apoio psicológico a vítimas de violência doméstica e disponibiliza estruturas de acolhimento, mas as crianças e jovens acabavam por ficar num papel secundário”, explicou, na altura, Mónica Gonçalves. A psicóloga do GAF adiantou que a “necessidade estava há muito identificada, mas não existia um serviço organizado e estruturado que, de forma imediata, garantisse o acompanhamento psicológico”. A candidatura ao POISE veio agora permitir o arranque do RAP.

Além do RAP disponível em Viana do Castelo e Ponte de Lima, o projeto abrange os restantes municípios integrados na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, da responsabilidade do Centro Social e Paroquial de Vila Praia de Âncora, em Caminha. De acordo com o GAF, “a violência contra as crianças ou jovens, designadamente a que é exercida em contexto familiar e que enquadra o crime de violência doméstica, assume uma inegável expressão”. “Segundo dados da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, entre 2015 e 2019 foram acolhidas nas casas de abrigo e nas respostas de acolhimento de emergência da RNAVVD um total de 7.414 crianças e jovens”, destacou. Face àqueles dados nacionais, o GAF, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) criada em 1994, sustenta ser “necessário o reforço sistematizado e integrado da disponibilização de serviços de apoio psicológico e psicoterapêutico especificamente direcionado para crianças e jovens vítimas de violência doméstica, quer estejam acolhidas em casas abrigo, respostas de acolhimento de emergência quer sejam atendidas e acompanhadas pelas estruturas de atendimento”.