Caminho Português da Costa vai ser promovido no estrangeiro

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A Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) e os 10 municípios atravessados pelo Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela, Galiza, dispõem de um milhão de euros para promoção externa e valorização daquele “ativo turístico”. Segundo o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, aquela verba “vai ser partilhada entre a entidade regional, os municípios e Turismo de Portugal” para “iniciar já” a promoção externa do Caminho Português da Costa.

O Caminho Português da Costa tem 138 quilómetros de extensão e atravessa os concelhos do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença. No início do mês, e em Ano Jacobeu, o Governo português certificou aquele percurso pelo “elevado valor patrimonial dos traçados históricos entre o Porto e Viana do Castelo”, e pela “autenticidade e integridade do itinerário, densidade do património edificado e beleza paisagística da envolvente”.

No final de uma sessão de “celebração” da certificação no exterior da Torre do Relógio, em Caminha, Luís Pedro Martins disse que a promoção externa daquele que “é um dos principais ativos turísticos” da região Norte de Portugal “vai ser feita em conjunto” com a Galiza. Disse que o objetivo da TPNP “passa por cruzar os Caminhos de Santiago com outros produtos turístico, como o património, a gastronomia, os vinhos e a natureza”. “É tudo isso que queremos aproveitar para mostrar aos peregrinos, num grande trabalho que queremos fazer. Temos verbas interessantes para poder trabalhar não só na permanente reabilitação do caminho, mas também na promoção externa”, afirmou. Durante o discurso que proferiu, o presidente da TPNP admitiu que Portugal “partiu” para a certificação do percurso “com um bocadinho de atraso em relação, por exemplo, aos colegas franceses”, mas assegurou estar a ser “imprimida grande velocidade para recuperar o atraso” na certificação dos restantes três caminhos da região.

Sobre os resultados turísticos da região, este ano, Luís Pedro Martins disse acreditar “ser possível chegar bem próximo dos valores” registados antes da pandemia de covid-19. “O destino Porto e Norte crescia 10% acima da média nacional. Acreditamos que vai ser possível, em 2022, chegar bem próximo destes valores. Todos os indicadores assim o apontam. A procura das companhias de aviação está a acentuar-se de dia para dia, os ‘media’ internacionais, os operadores internacionais. Temos boas razões para a acreditar que vamos voltar a subir. A região do Porto e Norte e da Galiza vão voltar, novamente, a receber os milhões de turistas que recebiam”, apontou.

A sessão previa a presença do vice-presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, mas o naufrágio do barco de pesca Villa de Pitanxo na terça-feira nas águas da Terra Nova, impediu a sua participação. Num momento de “dor e luto” na Galiza, a diretora de Turismo, Nava Castro, referiu que certificação esperada há vários anos, é agora uma realidade para a eurorregião. A responsável galega destacou a importância económica dos 80 mil quilómetros de extensão dos Caminhos de Santiago, “uma referência internacional percorrida por peregrinos de 180 nacionalidades diferentes”. “De todos os peregrinos que o percorrem, 25% fazem-no pelo Caminho Português da Costa. A certificação é uma grande oportunidade para continuar a atrair peregrinos de países irmãos, como o Brasil, Estados Unidos ou de países já tradicionais como Alemanha, Inglaterra, Irlanda”, destacou. Nava Castro realçou ainda a “grande capacidade” do percurso “gerar riqueza” e criar “oportunidades de desenvolvimento económico a pequenas localidades” e aos seus negócios nas áreas da restauração, hotelaria e comércio.

Já o diretor do AECT da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal, Nuno Almeida, assegurou que a “estruturação” do caminho português está ser feita de forma “sustentada” e que a certificação agora alcançada “permite cumprir um outro patamar de exigência face à imagem mítica dos Caminhos de Santiago, depois da classificação, no final dos anos 80, pelo Conselho da Europa, como Itinerário Cultural Europeu. “Há muito interesse em potenciar o aeroporto Sá Carneiro [Porto], como uma das portas de entrada dos peregrinos, particularmente dos EUA e do Brasil”, disse, referindo que a certificação permite uma “abordagem de reforço da interação económica entre as duas regiões e, mesmo entre os dois países”.

A ação de promoção do Caminho Português da Costa começou na Sé do Porto, parou em Castelo do Neiva, freguesia de Viana do Castelo, para uma visita à igreja paroquial, onde está situado o mais antigo templo consagrado a Santiago, fora do território espanhol. Foi sagrado pelo bispo Nausto, no ano de 862, pouco tempo depois da descoberta do túmulo do apóstolo. Além da paragem em Caminha, e um percurso pela rua Direita, a iniciativa incluiu a travessia a pé pela ponte antiga entre as cidades de Valença e Tui.

Os Caminhos de Santiago são uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do apóstolo Santiago. Em 2019, antes da pandemia de covid-19, a peregrinação rumo à catedral de Santiago de Compostela para venerar as relíquias do santo, a pé, a cavalo ou em excursões, atingiu o recorde, com 350 mil peregrinos. Este ano, em Santiago de Compostela celebra-se o Ano Santo, também conhecido por Jacobeu, uma vez que 25 de julho, dia de Santiago Maior, coincide com um domingo.