“Denominação de Origem para o alvarinho está na mão dos produtores”

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Os presidentes das Câmaras de Monção e Melgaço alertaram, em comunicado conjunto, para a “urgência” de um debate sobre a criação de uma Denominação de Origem (DO) para o vinho Alvarinho produzido na sub-região.

“É um tema que já é assunto na região há já algum tempo. É hora de nos sentarmos à mesa e debatermos e decidirmos, de forma convincente. Queremos continuar como estamos, queremos fazer o caminho da Denominação de Origem”, afirmou o autarca de Monção, António Barbosa.

Contactado pela agência Lusa, a propósito do comunicado conjunto que assinala o Dia de Monção & Melgaço, a “Origem do Alvarinho”, o autarca social-democrata explicou que “a criação de uma DO única é um pensamento comum de dois presidentes, mas que a decisão final está na mão dos produtores”.

“O primeiro passo já foi dado quando foi criado o selo de origem próprio dentro da Região dos Vinhos Verdes [RVV]. A nossa ideia é continuar o caminho até à DO. Se há essa vontade por parte de uma larga maioria de produtores, o sector deveria sentar-se à mesa e falar de forma séria sobre este assunto e tomar decisões”, afirmou.

Segundo António Barbosa, a criação da DO, “sempre dentro da RVV”, é “um caminho aberto desde que a sub-região perdeu a exclusividade da produção do vinho Alvarinho, e da criação do selo de origem ter reforçado a afirmação do setor”, com “mais de meia centena de produtores”.

“Há uma larga maioria de produtores a querer fazer esse caminho, mas não é uma questão consensual. Por isso é que nós, autarcas, enfatizamos que têm de ser os produtores a iniciar, com urgência esse debate. A DO pretende dar expressão à marca e à região, garantindo mais segurança ao consumidor, e autonomia na forma de comunicar essa DO. Tem os seus riscos. Deixar de ter o selo da RVV e passar a ser uma DO acarreta alguns riscos e alguns produtores têm receio por ser um caminho autónomo tem os seus riscos, sendo que apesar da criação da DO, o produtor pode escolher se quer colocar na garrafa o selo da DO ou o selo da RVV. Não há nenhuma obrigatoriedade de usar a DO”, especificou.

António Barbosa disse ainda que os dois concelhos “beneficiam e muito com o Alvarinho, mas em última instância os mais interessados são os produtores, que são os agentes económicos que dinamizam esta atividade”.

Em abril, também em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, defendeu igualmente a criação da DO pela sua importância na “afirmação de um território” integrado na região vitivinícola dos vinhos verdes, demarcada desde 1908.

“Claramente estamos a falar da região dos vinhos verdes com mais dinamismo, maior afirmação, maior diferenciação, que puxa pelo preço dos vinhos verdes e da região. Não há nenhuma outra que tenha, neste momento, valor acrescentado como têm Monção e Melgaço. Portanto, estamos à frente, faz sentido que sejamos reconhecidos e tenhamos uma DO própria nos próximos anos”, referiu o autarca socialista.

Segundo dados da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), a sub-região de Monção e Melgaço tem uma área total de 45 mil hectares, 1.730 dos quais cultivados com vinha, sendo que a casta Alvarinho ocupa cerca de 1.340 hectares.

A sub-região tem no mercado 253 marcas de verde, produzidas por 2.085 viticultores e 67 engarrafadores.

Por ano, os dois concelhos produzem 10,2 milhões de litros de vinho verde (74% branco, 10% tinto e 3% rosé).

Desde 2015, a produção de Alvarinho foi alargada a outras zonas do país, fora dos dois concelhos do Alto Minho, em resultado de acordo alcançado pelo Grupo de Trabalho do Alvarinho (GTA), constituído pelo anterior Governo PSD/CDS-PP e liderado pela CVRVV, defensora do alargamento da produção daquele vinho aos 47 municípios que a integram.

O acordo foi aceite pelo município de Monção. Já os produtores de Melgaço, acionistas da empresa “Quintas de Melgaço”, cuja maioria do capital é detido pela autarquia, contestam o acordo, considerando que “prejudica” a sub-região.