Autarcas lançam SOS

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Os autarcas do distrito de Viana do Castelo ponderam pedir ajuda ao Governo devido aos estragos causados pelo mau tempo que provocou corte de estradas, entre outras ocorrências.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, estimou que os prejuízos devido ao mau tempo “serão avultados”, razão pela qual pondera contactar o Ministério da Administração Interna (MAI) de forma a solicitar apoio.

Neste concelho, o autarca apontou para a existência de vários taludes que caíram, nomeadamente nas Estradas Nacionais 13 e 301 que estão, acrescentou, “condicionadas”.

Casas e garagens inundadas, bem como uma inundação no Lar da Santa Casa de Misericórdia foram outras das ocorrências reportadas pelo autarca.

O Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo especificou que, na Estada Nacional 13, os principais problemas estão localizados nas zonas 01 e 03 desta via, estando aí a artéria cortada ao trânsito porque “o caudal da Ribeira de Lenha aumentou muito”.

Segundo o capitão Pedro Costa, que aproveitou para deixar um apelo à população, os concelhos mais fustigados pela precipitação e vento estão a ser Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha e Viana do Castelo.

“As pessoas não devem atravessar as vias que estão inundadas. Nós colocamos as fitas, mas as pessoas tentam atravessar e não o devem fazer e devem respeitar os conselhos sobre segurança”, disse o capitão.

Também o presidente da Câmara de Valença, onde caiu parte da muralha, pediu à população para “se resguardar” e avançou que pretende já na segunda-feira pedir ajuda à Direção-Geral de Cultura do Norte.

José Manuel Carpinteira disse estimar que a autarquia venha a necessitar de apoios para a reconstrução da fortaleza que está classificada como Monumento Nacional desde 1928. “Até está em preparação uma candidatura a Património da Humanidade”, acrescentou o autarca.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, também avançou que pondera contactar “muito em breve” a ministra da Coesão Territorial para “dar conta dos danos” registados com o mau tempo que ainda se faz sentir no concelho.

“Foram reportadas diversas ocorrências na via pública e em espaços particulares. Os recursos humanos são sempre curtos. Temos grande parte do concelho submerso com estradas a aluir e a população está assustada”, disse o autarca.

Rui Lages estima que sejam precisas “pelo menos duas semanas” para avaliar e reparar os danos e alertou para o facto de os solos estarem muito saturados devido às chuvas intensas das últimas semanas. “Os terrenos não suportaram mais absorção. Tínhamos tudo limpo, mas nada faria imaginar esta situação”, completou.

E basta andar cerca de 50 quilómetros para encontrar novo relato de danos junto do presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, que, além de estradas cortadas e inundações em caves, destacou o levantamento do piso da Avenida dos Plátanos e acompanhou os colegas autarcas da região no apelo ao Governo central.

“Tem de haver um princípio de igualdade para todo o território nacional. Não podemos considerar apenas os prejuízos em grandes cidades ou com grandes ocorrências. Iremos reportar isto tudo, seja um piso ou outra coisa qualquer, ao MAI como não poderia deixar de ser”, disse.

Num dia em que os contactos com os bombeiros locais, bem como com o Comando Distrital de Operações de Socorro foi difícil devido ao grande volume de pedidos de ajuda e ao empenho de meios no terreno, em Viana do Castelo.

A Lusa recolheu, ainda, o relato de um dos donos da quinta Santoinho, que alertou para o perigo de inundação na zona onde fica localizado este espaço que promove arraiais.

“A água a continuar assim vai passar o muro [de contenção] e pôr em perigo a quinta, o restaurante e as casas esta zona. A câmara conhece esta situação e tem e fazer alguma coisa. A água devia atravessar um viaduto, mas foi tapada por um aterro. Se tivesse arraial hoje teria de o fazer de barco”, disse Valdemar Cunha.