“Empresários, que são os primeiros a chegar à fábrica e os últimos a sair, são os que fazem o milagre económico de Portugal”

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Na abertura do Fórum Regional da Indústria, que decorreu em Barcelos, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos (ACIB), João Albuquerque, aludiu à instabilidade económica, social e política do país para apelar ao trabalho em conjunto dos empresários para ultrapassar a crise.

Albuquerque defendeu mesmo a necessidade de um plano de desenvolvimento regional para o setor têxtil, garantindo que a ideia “foi bem acolhida” por parte dos ministros da Economia e da Coesão Territorial.

“A ideia é que haja uma visão territorial com recursos financeiros alocados e com um plano no qual participemos todos”, explicou, adiantando que serão necessárias “algumas centenas de milhões de euros”.

Uma das medidas que defendeu é uma ligação ferroviária direta entre os quatro municípios do chamado Quadrilátero Urbano (Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão).

João Albuquerque, presidente da ACIB, e Mariana Carvalho, vereadora da Câmara Municipal de Barcelos, fizeram a abertura do evento, destacando a indústria barcelense e a coragem dos empresários locais, que continuam a resistir aos desafios diários. 

“Portugal é uma espécie de milagre económico. O milagre faz-se no dia-a-dia nas empresas, nos líderes, nos trabalhadores. Empresários que são os primeiros a chegar à fábrica, os últimos a sair da fábrica, são os que pagam salários e segurança social”, salientou João Albuquerque, que chamou ainda atenção para o tema do “associativismo”. 

“Precisamos de caminhar para mais associativismo. Queremos fazer as coisas diferentes, mais fortes, mais dinâmicas e com o enorme objetivo de termos resultados diferentes. Só mudando formatos de cooperação isto é possível. O caminho faz-se com muitas parcerias, muitos projetos conjuntos”, afirmou, deixando o repto para que os empresários procurem novos caminhos para o sucesso, à semelhança do que tem feito a ACIB, que está a “criar um gabinete para trabalhar a ESG e ajudar os empresários nesse sentido”.

A vereadora Mariana Carvalho sublinhou as palavras de João Albuquerque e confirmou o trabalho que tem sido feito em conjunto com a ACIB para “proteger” as empresas e deixou ainda uma palavra direta de agradecimento aos empresários barcelenses: “Como barcelense e como cidadã, precisava de agradecer aos empresários. Individualmente valemos pouquinho e quando nos associamos fazemo-nos ouvir”, disse.

A secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, começou a sua intervenção por parabenizar a ACIB pela organização do Fórum Regional da Industrial, realçando que este evento “traz à discussão um tema tão relevante e fulcral para a área governativa da coesão territorial”. “O foco do Governo tem estado em trazer mais território às políticas públicas, em criar condições para tratar diferente o que é diferente, permitindo um papel cada vez mais ativo e interventivo das regiões, também fruto dos fundos europeus”, afirmou.

O almirante Gouveia e Melo trouxe ao Fórum um tema mais generalizado, focado sobretudo na liderança e falando da sua experiência, com particular incidência no sucesso do processo de vacinação. O Chefe do Estado Maior da Armada deu aos empresários o método de trabalho posto em prática no processo de vacinação: “OOAD. Observar, orientar, decidir e agir. Este processo era feito três vezes por dia no processo de vacinação”, revelou o Almirante Gouveia e Melo. O Chefe do Estado Maior da Armada disse que “não há uma fórmula mágica para a liderança”, mas centrou a sua intervenção nas características que um líder deve ter.

Na sessão de encerramento, o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes destacou o esforço do Governo em aumentar os rendimentos, bem como na redução da carga fiscal. “Temos feito uma valorização dos rendimentos e reduzimos a carga fiscal. Admito que a carga fiscal é pesada e devemos fazer um esforço para a reduzir e podermos ter competitividade a todos os níveis na economia portuguesa”, disse, acrescentando ainda que é essencial “preservar o emprego”, que tem estado “sistematicamente baixo”. Miguel Fontes afirmou ainda que foram estes fatores, “a preservação do emprego” e a “a valorização dos rendimentos”, que permitiram a Portugal “resistir bem a uma guerra inqualificável, a um surto inflacionista que apanhou todos de surpresa e a uma crise absolutamente dramática no médio oriente”. “Resistimos porque preservamos o emprego e o colocamos como a primeira das prioridades”, concluiu.