“Valença teve uma lição de catequese ao vivo”

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No passado fim-de-semana, a fortaleza de Valença “vestiu-se” a rigor para, mais uma vez, acolher a “Via Crucis”, um evento que se pretende assumir como “a melhor recriação histórica” da vida de Cristo. Como entretenimento para uns e manifestação de fé para outros, o evento atrai cada vez mais turistas à cidade raiana, sobretudo galegos. 

Um dos momentos mais emblemáticos desta recriação histórica foi a encenação da Última Ceia, que decorreu na Praça da República. 

“Entramos na Semana Santa e a maior dos miúdos, como quase todas as cerimónias decorrem à noite, não vem. Então, aproveitamos esta iniciativa que estava a decorrer e escolhemos a Última Ceia para eles assistirem”, explicou Conceição Subtil, notando tratar-se de “uma lição de catequese ao vivo”. “É importante terem esta perspectiva das coisas. É bom fazerem isto na cidade. É uma tradição muito antiga e sempre tivemos dinâmica na Semana Santa”, considerou, notando que o evento “ajuda a trazer mais gente a Valença”. “E o comércio agradece”, vincou. 

José Manuel Carpinteira, presidente da Câmara Municipal de Valença, frisou que a iniciativa da Via Crucis, que começou há três anos, ainda está a consolidar-se, mas destacou a importância da programação para atrair mais turistas, sobretudo os vizinhos galegos. “Nesta época estão muito disponíveis para visitar Portugal, no caso concreto Valença, e aproveitamos para dar a conhecer o nosso património e a nossa gastronomia”, sustentou, garantindo que a iniciativa é para manter. 

Em Valença, as festividades da semana santa só terminam na segunda-feira de Páscoa com o tradicional Lanço da Cruz, em Cristelo Côvo, que atrai sempre milhares de pessoas ao cais junto ao Rio Minho. Numa das tradições pascais mais emblemáticas da região, o pároco de Cristêlo Covo entra num barco e dirige-se até à margem espanhola onde dá a cruz a beijar aos paroquianos da outra margem. Também o pároco da paróquia galega de Sobrado – Torron, concelho de Tomiño, vem a Cristelo Côvo dar a cruz a beijar aos peregrinos que aguardam junto ao rio, na margem portuguesa. Várias embarcações portuguesas e galegas acompanham este compasso pascal nas águas do Minh onde são lançadas, pelos pescadores de Cristelo Côvo, as redes benzidas ao rio. Todo o peixe que sair no lance é para o pároco. À festa juntam-se os sons das gaitas de foles, das concertinas, das castanholas, do rufar dos bombos e tambores.  “Queremos que seja património cultural imaterial e estamos a trabalhar para isso e penso que em breve teremos boas notícias para isso”, afirmou o edil valenciano.