Fogo em Ponte da Barca “incendiou” mais uma guerra entre PS e PSD

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O incêndio florestal que atingiu aldeias de Ponte da Barca abriu mais uma guerra entre o PS e o PSD locais. O PS de Ponte da Barca afirmou que a “inércia” do presidente da Câmara (PSD) “coloca em risco as populações” das zonas atingidas por um incêndio florestal e o autarca Augusto Marinho respondeu não ter “tempo para politiquices ridículas”. O PSD de Ponte da Barca manifestou o seu “profundo repúdio pelo infeliz aproveitamento político por parte do Partido Socialista da tragédia dos incêndios florestais”.

Em causa está um incêndio que deflagrou às 23:39 de terça-feira no lugar de Cidadelhe, Lindoso, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), em Ponte da Barca, e que cercou a aldeia de Mosteiró, na freguesia de Britelo, obrigando à retirada, cerca da 01:00, de 30 pessoas, que foram instaladas num clube local, tendo-lhes sido prestada a assistência necessária.

Às 15:47, segundo informações prestadas à agência Lusa pelo presidente da Câmara de Ponte da Barca, “o incêndio ainda não estava dominado, mas o combate, muito difícil devido ao terreno e às condições meteorológicas muito adversas, estava a evoluir favoravelmente”.

Em comunicado, o PS lamentou que “este ano o município de Ponte da Barca não tenha preparado e planeado adequadamente a época de risco de incêndios, designadamente celebrando os habituais protocolos de limpezas e ações de defesa e gestão da floresta com os concelhos diretivos dos baldios, as equipas de sapadores florestais, a associação humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca e com as Juntas de Freguesia para limpeza das vias e espaços públicos”.

“Em anos anteriores, estes protocolos com estas entidades já estavam assinados e a primeira prestação já se encontrava vencida – embora, na verdade, na generalidade das vezes sem pagamento atempado pela câmara municipal. A inércia de Augusto Marinho coloca em risco as populações das zonas de incêndio florestal”, sustenta a concelhia socialista.

O PS lamentou ainda “a violação do Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI) de Ponte da Barca, vigente apenas desde 24 de janeiro de 2022”.

“A floresta, enquanto bem único e insubstituível, deve ser objeto de ações preventivas, de defesa e gestão adequadas. O concelho de Ponte da Barca tem 18.217 hectares de área territorial, dos quais 76% constituem espaço florestal. Todos os anos, o concelho de Ponte da Barca é afetado pela calamidade dos incêndios florestais, consequência da acumulação de grandes cargas de combustível nos espaços florestais e nas áreas de transição urbano/florestal”, acrescenta a nota.

Para os socialistas, o município de Ponte da Barca “deve diligenciar pelo cumprimento imediato das suas competências na defesa da floresta contra incêndios, bem como âmbito proteção civil, nomeadamente, a segurança de pessoas e bens, perante ocorrência de acidentes graves ou catástrofes, assim como executar medidas preventivas de forma a minimizar estas ocorrências”.

“O presidente da câmara municipal não pode andar constantemente distraído e alheado dos problemas que verdadeiramente afetam os Barquenses”, atiram os socialistas.

Na resposta às acusações do PS, Augusto Marinho afirmou: “É ridículo. Não faço politiquice com um assunto tão sério quanto este. Estive toda a madrugada junto das populações, a acompanhar o trabalho dos bombeiros e, não tenho tempo para estas politiquices do PS.”

Augusto Marinho rejeitou as críticas de falta de preparação da época crítica de incêndios florestais, garantiu ter “aumentado os protolocos com os bombeiros, o valor das limpezas”, entre outras medidas.

“Se fossem ao terreno para ver o trabalho feito naquele lugar [Cidadelhe, Lindoso], veriam que está limpo. A Junta de Freguesia fez um trabalho excecional. Agora o que interessa é trabalhar e defender as populações desde flagelo e dar apoio aos bombeiros, aos sapadores, ao Corpo Nacional de Agentes Florestais (CNAF) do PNPG, aos elementos dos baldios, à Junta de Freguesia e a todos os que estão no terreno, num esforço quase desumano, atendendo a estas temperaturas elevadíssimas. A estas pessoas deixo a minha palavra de muito apreço e gratidão. As pessoas estão cansadas desta politiquice”, afirmou.

A mesma posição foi tomada pelo PSD de Ponte da Barca que repudiou as declarações do PS, considerando que representam uma “falta de respeito para com os barquenses pelo calculismo político na utilização do sofrimento das populações afetadas, somada aos falsos argumentos invocados”.