Darono transforma lixo têxtil em produtos eco-amigos

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Escreve-se “Darono”, mas lê-se “Dar o nó”. Criada em 2013, esta marca portuguesa com raízes em Alvarães, Viana do Castelo, demonstra como o desperdício têxtil se pode transformar num produto de valor acrescentado, procurado em Portugal e principalmente no estrangeiro.

Catarina Carvalho é a mentora da Darono e uma das artesãs que faz as famosas tranças em tecido usadas como decoração ou para envolver diversos artigos decorativos ou funcionais como puffs, redes, tapetes, almofadas ou baloiços. “O nosso foco, que é a essência da marca, é trabalhar com o desperdício têxtil. Ou seja, tudo aquilo que fazemos tem por base uma trança feita de agentes de produção têxtil. É um upcicle. Recuperamos materiais que seriam deitados ao lixo e transformamos numa trança, que tem os tratamentos especiais para o exterior”, explicou Catarina, economista de formação que desde muito nova está ligada ao mundo dos tecidos e do têxtil. Os produtos da Darono são todos feitos na zona industrial do Neiva e cumprem os requisitos para serem utilizados em hotéis, sendo este sector, a par da restauração/bares, o principal público-alvo da marca e para o qual tem trabalhado. “Temos feito projetos em todo o mundo, mas pela proximidade temos trabalhado maioritariamente com Espanha e as suas ilhas. Fizemos também um trabalho para um hotel em Nova Iorque e, recentemente, fizemos um rede personalizada para o FeelViana com esta técnica de nós feita manualmente”, contou a artesã. Há peças exclusivas Darono ainda espalhadas na Turquia, México, Seychelles, Ibiza e Inglaterra.

“As nossas peças são personalizadas. O cliente chega com uma ideia do que gostaria de fazer e nós conseguimos com o nosso material adaptar e produzir à medida do espaço pretendido. Portanto, é uma mais valia para o hotel porque é uma peça única. Temos trabalhado maioritariamente com designers de interiores e arquitetos por esta proximidade com a produção personalizada de peça”, frisou. Por esse motivo, a Darono não tem produção em série porque “cada peça tem de ser estudada e trabalhada individualmente”.

Com uma gestão assente na proximidade, a Darono transmite ainda o legado familiar de Catarina. “É uma herança que vem dos meus pais. Já foi uma utilização que eles começaram a fazer há 35 anos no aproveitamento para a produção em teares manuais de tapetes de trapo. Portanto, esta filosofia de reaproveitamento de excedentes de produção para eles era algo natural ao recuperar aquilo que existe e transformar num produto de valor acrescentado”, declarou a artesã que usa também o chamado “tecido não tecido” numa mistura de poliester e viscose (excedentes de produção industrial) nas suas peças.