Queima de Judas de Vila Nova de Cerveira vai ser “mais dramática”

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Este ano, a Comédias do Minho preparou uma edição mais dramática da Queima de Judas de Vila Nova de Cerveira, com uma vigorosa aposta na cor, no movimento e na arte sonora. O evento acontece já este sábado, 8 de abril, às 23h30, em pleno centro histórico.
 
A diretora artística do projeto e encenadora, Inês Lua, confirma que, este ano, o espetáculo de teatro de rua tem “uma forte componente visual e musical. “Em termos dramáticos, o Judas é personificado pela figura do Inverno, o qual ameaça não partir. O conflito traz à comunidade de Cerveira a dúvida sobre se este ano conhecerá a divina Primavera. Impõe-se confrontar o traidor e expurgá-lo para, em conjunto, acolher o novo ciclo”, explicou.
 
De acordo com a sinopse, o espetáculo deste ano desafia as “gentes de Cerveira” para um “urgente e iminente” encontro com “o Inverno aleivoso”! “E se o Inverno teima em não partir? Esse Judas! E se este ano, o passado nos atraiçoa e ficamos assim, num limbo de ecos de incerteza?  É urgente e quer-se iminente esse encontro, o das gentes de Cerveira e desse Inverno aleivoso! – Já chega Inverno, não vais vencer! É essencial que nos juntemos e de mãos dadas celebremos o futuro desejado! É vital essa queima, esse fogo, essa mágica viragem. Esse sublime momento, em que os medos nos abandonam e juntos caminhamos para a divina Primavera! É para já e é sem demora! É agora Cerveira, já está na hora! É agora Cerveira, é agora!”
 
Com direção artística de Inês Lua, os figurinos e a conceção do Judas estão a cargo da figurinista Lola Sousa. A banda sonora original é do músico João Gigante, com colaboração da Tuna da Universidade Sénior de Vila Nova de Cerveira, do Coro Infantojuvenil da Associação Musical Pauta de Caprichos, do Grupo de Bombos de S. Tiago de Sopo e dos Cavaquinhos de Lovelhe. O desenho de luz é da autoria de Vasco Ferreira. A interpretação é levada a cabo pelas Comédias do Minho, pelo Grupo de Teatro de Amadores – Outra Cena, e elementos individuais da comunidade de Vila Nova de Cerveira.
 
Desde 2006 que as Comédias do Minho reinventam a tradicional “Queima de Judas”, a convite do Município de Vila Nova de Cerveira, com o objetivo de desenvolver um projeto que aproxime a comunidade das artes performativas, que promova um reencontro com a tradição e que, simultaneamente, crie laços intracomunitários.
 
Na “Queima de Judas” recupera-se o ritual pagão da morte do ano velho e da chegada da Primavera, numa representação de pendor judaico-cristão. Condena-se Judas, o traidor, e festeja-se a ressurreição de Jesus Cristo, no sábado que antecede a Páscoa. Antes do momento simbólico da morte de Judas, é lido o seu testamento, no qual é deixado à Vila um conjunto de conselhos, determinações e críticas, que, de uma forma jocosa, nos ajudam a refletir sobre alguns dos problemas do nosso tempo.