Mais duas mortes no IC28 (actualização)

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Duas pessoas morreram após mais uma colisão frontal no Itinerário Complementar (IC) 28, em Arcos de Valdevez.

Do acidente frontal entre dois veículos ligeiros de passageiros, que ocorreu no sentido Arcos de Valdevez/Ponte de Lima, resultou ainda um ferido ligeiro.

O acidente ocorreu pelas 14:08, e as vítimas mortais ficaram encarceradas, tendo sido requerida a presença de um helicóptero, mas que acabou por não ser preciso utilizar, dada a morte entretanto verificada.

O IC 28 foi cortado ao trânsito em ambos os sentidos.

Em Agosto, também se tinha registado um acidente mortal na mesma via. A colisão, na zona de Santar, que envolveu duas viaturas e um motociclo obrigou ao corte total do trânsito no IC28. A vítima mortal seguia no sentido Arcos de Valdevez – Ponte de Lima, atrás de uma das viaturas envolvidas no acidente, quando um outro carro que seguia no sentido Ponte de Lima – Arcos de Valdevez passou para a faixa contrária, não conseguindo evitar o embate. 

O motociclista sofreu ferimentos muito graves e ainda foi transportado para o hospital de Viana do Castelo, com o apoio dos técnicos da Viatura Médica de Emergência e Reanimação e SIV de Ponte de Lima, mas acabou por falecer. Do acidente resultaram mais cinco feridos ligeiros, que seguiam nas outras duas viaturas, tendo sido transportados também para o hospital de Viana do castelo pelos bombeiros de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. 

O trânsito permaneceu cortado cerca de três horas e no local estiveram também elementos do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR para tentar apurar as circunstâncias deste aparatoso acidente. 

A vítima mortal, de 36 anos, era natural da freguesia do Vale, em Arcos de Valdevez, e residia em Ponte da Barca. Tinha dois filhos menores, um deles de apenas quatro meses, e trabalhava na zona industrial de padroeiro, para onde se estaria a dirigir na altura do acidente. A população dos dois concelhos ficou consternada com a morte do jovem e voltaram à ordem do dia as reivindicações para implementar mais medidas de segurança na via. Nos últimos anos, são vários os acidentes graves que ocorreram nesta via, quase sempre com consequências trágicas. 

Admitindo, que os automobilistas não respeitam as regras de trânsito, muitos não se conformam e para além das duplas linhas contínuas que já existem em algumas partes do troço pedem a colocação de um separador central, ou um método semelhante, que impeça as ultrapassagens e muitos já deram nota das suas queixas com as respectivas sugestões à concessionária da via. Nas redes sociais, o arcuense Germano Amorim, actual presidente da Federação dos Bombeiros de Viana do Castelo, lamentou mais uma tragédia e vincou que “não basta esperar o melhor” de todos os condutores. “Quantos mais acidentes gravíssimos terão de ocorrer para que nos apercebamos do especial perigo da via e que urge tomar as devidas medidas?”, lamentou. Na reação comentário, várias pessoas manifestaram a mesma preocupação e alguns deles até já fizeram chegar as suas queixas e sugestões à entidade que tutela o IC28. “Uma medida simples, barata e rápida era colocação de mecos de borracha para separar as faixas de rodagem, mas quando sugeri à Infra-estruturas de Portugal disseram que era muito caro. Quanto vale uma vida? Incompreensível”, afirmou José Pontes. “A via é perigosa, mas mais perigosa é a falta de respeito e civismo de alguns condutores que por lá passam também, que fazem da mesma mais perigosa do que ela já é”, atirou Carlos Fernandes. “A diferença entre uma linha contínua dupla e um separador central está nas vidas que se poupam”, sustentou, por sua vez Ricardo Rocha. 

Filipe Guimarães, comandante dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, explicou que a reivindicação por medidas de segurança nesta via não é nova e já se registaram algumas alterações e correcções na sequência de algumas sugestões feitas pelas autoridades, incluindo a zona onde ocorreu este acidente, que recentemente apresenta duplo traço contínuo. “Também sabemos que o controle de velocidade pelas autoridades é feito com muita frequência, mas parece que não está a resultar. A via convida a isso e há sempre abusos. De facto, é a falta de civismo que potencia isto”, salientou, revelando que ele próprio, de cada vez que ocorrem acidentes graves nesta via, faz chegar, às autoridades competentes, a sua preocupação, reivindicando, também, a “necessidade de se tomarem algumas atitudes”. “Continuo a dizer que o IC28 é a estrada mais mortífera de Arcos de Valdevez. Não é que a casuística de acidentes seja muito grande, mas quando os há são muito graves e, normalmente, têm, sempre mortes associadas. Como agentes de protecção civil, temos a obrigação de chamar a atenção de certos aspectos. Não estamos a ferir a consciência de ninguém, nem a apontar responsáveis, mas a apelar que se tomem medidas”, vincou, notando que o troço de cerca de dois quilómetros desde o local onde ocorreu este último acidente, na zona de Santar, em direcção à zona de Padreiro, abrangendo as zonas de Souto e Távora, é onde se registam mais ocorrências. 

O comandante da corporação arcuense dá nota, ainda, de “vários erros de construção” da via, desde logo o tipo de pavimento, considerando que não está adequado ao clima, nomeadamente no inverno, bem como a concepção das curvas, garantindo que “potenciam o efeito de despiste”. “Deviam ter a inclinação para dentro e nunca para fora”, explicou, defendendo a colocação de pinos de borracha que impeçam as ultrapassagens.