“Fazer 30 anos mostra a resiliência da Valença Doc”

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Há três décadas que Eduardo Fernando Lima ajuda a legalizar automóveis e matrículas de veículos na empresa Valença Doc. O empresário, natural do Porto, começou a trabalhar como despachante para a fronteira em Valença, de onde nunca mais quis sair. Agora é gerente da empresa, que também fornece dados ao Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a importação e exportação de mercadorias.

Localizada na Avenida Miguel Dantas, a Valença Doc é uma empresa que se dedica ao tratamento de documentação de todo o tipo de veículos adquiridos no estrangeiro, desde alvarás comunitários de transportador, licenciamento de pesados a legalização de automóveis. “Basicamente, tratamos dessa burocracia porque é necessário existir um processo de legalização quando as pessoas adquirem um veículo no estrangeiro. Também apoiamos os emigrantes que quando regressam podem ter a isenção dos impostos ao abrigo da transferência de residência”, explicou o empresário, admitindo que ter este tipo de serviço numa cidade como Valença ajuda o negócio. “Há muitas empresas que adquirem veículos pesados em Espanha que têm de passar por um processo de matrícula. Muita gente vai aos stands de Espanha porque são mais baratos e, para as empresas, é mais rentável. Nós tratamos da aprovação dos modelos e  da atribuição da matrícula para que eles circulem o mais rápido possível”, explicou Eduardo Lima, acrescentando que a Valença Doc também informa o INE sobre a importação e exportação de mercadorias de determinadas empresas que contratam os seus serviços.

Eduardo Lima começou o negócio sozinho e agora tem dois funcionários. “Também já mudamos de instalações porque o anterior escritório, no Centro Peninsular Ibéria, começou a ficar degradado”, contou o empresário, cujo filho já “percebe do negócio”. “Ele trabalha comigo. Chegou a estagiar aqui, mas depois foi para bombeiro profissional e ainda continua. Só que eu passei a precisar de outra pessoa e pedi-lhe para vir. É um trabalho esgotante por causa dos documentos e, se não se fizer como uma linha de montagem, uma pessoa perde-se”, referiu Eduardo, feliz por assinalar 30 anos de actividade. “Estamos cá para outros 30, se Deus quiser. Fiquei feliz por ter chegado a essa data porque mostra o esforço e a resiliência”, declarou, aproveitando para falar sobre alguns casos curiosos que apareceram no seu escritório. “Um senhor residente em Ponte de Lima viveu nos Estados Unidos e, quando regressou, trouxe o primeiro e único jipe Lincoln Navigator para Portugal. Era mais pesado do que um carro ligeiro e a dificuldade era saber com que carta o podia conduzir. Às vezes ficamos abismados com alguns carros que legalizamos. por vezes, em sete ou oito gramas de emissões poluentes do veículo, estamos a falar de mil euros de diferença de imposto de automóvel. Depois de o carro estar declarado à alfândega dívida é dívida”, explicitou.

Eduardo Fernando Lima considerou que o pólo de Valença da Associação Empresarial de Viana do Castelo é importante para o sector empresarial. “Vejo este tipo de instituições como uma âncora. Uma pessoa pode chegar ali, pôr as questões e ter alguém que a aconselhe. Para já ainda não tive que tirar dúvidas, mas, se um dia tiver, sei que posso contar com eles”, acredita Eduardo Fernando Lima, que começou por ser paquete no Porto. “Ia buscar às agências de navegação os documentos dos navios para depois entregar. Era uma atividade complexa, mas cativante por causa da urgência e eu gostava de andar nessa azáfama. Depois vim para Valença e nem imaginava que ia fazer a minha vida aqui. Quando vou ao Porto, fico logo mortinho para voltar a Valença”, confidenciou Eduardo, que não esquece os dias em que ia, em criança, com o pai na camioneta até à feira de Tui.